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Nos Estados Unidos, Trump parece imparável para ser o candidato republicano nas eleições presidenciais deste ano. Ainda é cedo para antecipar os resultados, mas as hipóteses de Trump regressar à liderança dos EUA não são negligenciáveis. Este cenário será negativo em diversas áreas, mas destaco os temas da sustentabilidade. Nos últimos anos, o Partido Republicano tem seguido uma agenda anti-ESG e fez do tema bandeira política.
Um espirro nos EUA acaba numa pneumonia na Europa. A afirmação pode parecer exagerada, mas, as eleições nos Estados Unidos são apenas em novembro, e as ideias do Partido Republicano já atravessaram o Atlântico e estão a fazer o seu caminho no Velho Continente. E no espaço político onde menos se esperava à partida. Na semana transata, Ursula von der Leyen apresentou a sua recandidatura à presidência da Comissão Europeia, em nome do Partido Popular Europeu (PPE). Tendo em atenção as últimas sondagens, as suas hipóteses são consideráveis. À partida, todos diriam que seriam boas notícias para a agenda ambiental europeia. Infelizmente, o seu discurso mostra que o verde da sustentabilidade foi substituído pelo cinzento militar.
Quando em 2019 avançou com a sua candidatura à liderança da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen apresentou dois grandes projetos para a União Europeia (UE): a sustentabilidade e a digitalização. A Sustentabilidade fez o seu caminho através do "Green Deal" e, de facto, a Europa assumiu a liderança em diversas áreas: tem as metas de descarbonização mais ambiciosas; tem a legislação mais avançada; o seu mercado de transação de licenças de emissão de CO2 é o mais desenvolvido e foi inovadora em mecanismos como o CBAM ("Carbon Border Adjustment Mechanism").
Mas nem tudo correu bem. Se a UE é líder na legislação, perde na produção e inovação. A China surge hoje como o maior produtor mundial de equipamentos e materiais ligados com a energia eólica, solar e o fabrico de automóveis elétricos. E os EUA, através do Inflation Reduction Act, injetou mais de 300 mil milhões de dólares em apoios a empresas que se dedicam à investigação e desenvolvimento de tecnologias verdes.
Este contexto mostra que a Europa ainda tem muito por fazer na área da Sustentabilidade. Por isso, a mudança de rumo de Ursula von der Leyen é tão preocupante. Os pragmáticos vão dizer que o primeiro mandato foi marcado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Ou seja, o novo contexto europeu obriga a uma nova agenda.
Para mais, as sondagens antecipam um forte reforço dos partidos mais à direita no futuro Parlamento Europeu. Isto significa que os votos do PPE e dos socialistas podem não ser suficientes para que von der Leyen passe no Parlamento Europeu, obrigando a concessões aos partidos mais à direita que têm reservas ao "Green Deal". Na verdade, isto já está a acontecer. Nas últimas semanas, a Comissão Europeia fez algumas cedências em importantes bandeiras, por exemplo, recuou nas metas de descarbonização e de utilização de fertilizantes para a agricultura, depois dos fortes protestos dos agricultores. A aprovação final da nova Diretiva relativa ao dever de diligência das empresas em matéria de sustentabilidade deverá ser também adiada, depois dos industriais alemães levantarem reservas.
Na Europa, a "realpolitik" parece estar a vencer. A agenda da Sustentabilidade está a perder força. É preocupante, mas é sobretudo um erro de miopia política. É igualmente um clássico. Os políticos governam para os ciclos de curto prazo. As políticas de Sustentabilidade necessitam de décadas para produzirem efeitos. Os "stakeholders" devem manter a sua pressão, pois acreditar na visão de longo prazo dos políticos será uma aposta errada.
Um espirro nos EUA acaba numa pneumonia na Europa. A afirmação pode parecer exagerada, mas, as eleições nos Estados Unidos são apenas em novembro, e as ideias do Partido Republicano já atravessaram o Atlântico e estão a fazer o seu caminho no Velho Continente. E no espaço político onde menos se esperava à partida. Na semana transata, Ursula von der Leyen apresentou a sua recandidatura à presidência da Comissão Europeia, em nome do Partido Popular Europeu (PPE). Tendo em atenção as últimas sondagens, as suas hipóteses são consideráveis. À partida, todos diriam que seriam boas notícias para a agenda ambiental europeia. Infelizmente, o seu discurso mostra que o verde da sustentabilidade foi substituído pelo cinzento militar.
Quando em 2019 avançou com a sua candidatura à liderança da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen apresentou dois grandes projetos para a União Europeia (UE): a sustentabilidade e a digitalização. A Sustentabilidade fez o seu caminho através do "Green Deal" e, de facto, a Europa assumiu a liderança em diversas áreas: tem as metas de descarbonização mais ambiciosas; tem a legislação mais avançada; o seu mercado de transação de licenças de emissão de CO2 é o mais desenvolvido e foi inovadora em mecanismos como o CBAM ("Carbon Border Adjustment Mechanism").
Mas nem tudo correu bem. Se a UE é líder na legislação, perde na produção e inovação. A China surge hoje como o maior produtor mundial de equipamentos e materiais ligados com a energia eólica, solar e o fabrico de automóveis elétricos. E os EUA, através do Inflation Reduction Act, injetou mais de 300 mil milhões de dólares em apoios a empresas que se dedicam à investigação e desenvolvimento de tecnologias verdes.
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Para mais, as sondagens antecipam um forte reforço dos partidos mais à direita no futuro Parlamento Europeu. Isto significa que os votos do PPE e dos socialistas podem não ser suficientes para que von der Leyen passe no Parlamento Europeu, obrigando a concessões aos partidos mais à direita que têm reservas ao "Green Deal". Na verdade, isto já está a acontecer. Nas últimas semanas, a Comissão Europeia fez algumas cedências em importantes bandeiras, por exemplo, recuou nas metas de descarbonização e de utilização de fertilizantes para a agricultura, depois dos fortes protestos dos agricultores. A aprovação final da nova Diretiva relativa ao dever de diligência das empresas em matéria de sustentabilidade deverá ser também adiada, depois dos industriais alemães levantarem reservas.
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CIências e Factos Energia eólicaDepois de um mau ano em 2023, os analistas antecipam melhores perspetivas para os projetos de energia eólica ‘offshore’. Um recente relatório da Morgan Stanley prevê que, em 2030, estes projetos tenham a capacidade de produzirem 350 gigawatts de energia, contra os atuais 100 GW.
Investimento verdeOs últimos dados do Bank of America mostram que, globalmente, os fundos que investem em obrigações ESG tiveram um reforço líquido nas suas carteiras de 5,2 mil milhões de dólares em janeiro, o que representa o dobro dos valores do ano passado. Mas estes números positivos resultam sobretudo dos investimentos na Europa.
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