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Apurar o estado evolutivo das empresas portuguesas rumo à sustentabilidade; saber o que estão a fazer para cumprir os critérios ambientais, sociais e de governação (ESG, na sigla em inglês) necessários para fazer a transição. Este é o objetivo do estudo que a Deloitte e o Jornal de Negócios estão a promover. Denominado "Retrato da Sustentabilidade 2023: O Ambiente, o Social e a Governação nas Empresas Portuguesas", o estudo vai contar com a participação de CEO de grandes empresas nacionais, aos quais será enviado um inquérito de forma a caracterizar o posicionamento da organização numa série de parâmetros.
A iniciativa foi divulgada, nesta segunda-feira, na reunião do Conselho Estratégico do Fórum ESG do Jornal de Negócios, que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos. De caráter anual, o estudo terá um curador para a promover, papel que cabe nesta primeira edição a Miguel Maya, CEO do Millennium bcp.
"O estudo vai dar-nos um ponto de partida, não um ponto de chegada, e o que se deseja é que possamos continuar a evoluir em conjunto de maneira proativa e positiva", referiu Inês dos Santos Costa, "associate partner" de Sustentabilidade e Clima da Deloitte, na apresentação do estudo, que, para além de fazer o retrato das empresas em matéria de sustentabilidade, vai também identificar bloqueios e propor soluções.
Reconhecida que é a crescente prevalência de riscos ambientais e sociais no desempenho das organizações, decorrente das novas exigências dos consumidores, investidores e reguladores, Inês dos Santos Costa destacou que "se nada for feito, se o ‘business as usual’ continuar, todos os modelos, inclusivamente da União Europeia, apontam para uma perda de riqueza do país que é das mais substanciais em toda a União Europeia. E isto é também o risco das empresas".
Por isso, e tendo em conta um inquérito internacional sobre sustentabilidade que a consultora faz anualmente - que apurou que em 2023 a maioria das empresas espera que as alterações climáticas afetem a estratégia e as operações da sua empresa nos próximos três anos -, a "associate partner" reforça que é necessário agir: "O ótimo é inimigo do bom, mas é preciso começar por algum lado, é preciso definir o que é material para a sua empresa e começar por aí. O resto há de vir organicamente".
Inês dos Santos Costa salientou ainda que cabe às grandes empresas mostrarem atitude e liderarem o processo de transformação em marcha.
Na mesma apresentação do estudo, Afonso Arnaldo, "partner" e responsável de sustentabilidade da Deloitte, salientou que a sociedade vive "os dias, meses e anos mais desafiantes do nosso tempo", salientando que existem bons e maus indícios. Nomeadamente, o primeiro Balanço Global da ONU, recentemente divulgado, mostrou que mundo está longe de conseguir limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C. pela negativa destacou também a recente decisão britânica de adiar a proibição de venda de carros a combustão. "Mas há também bons exemplos, como é o caso da cidade de Cascais, que é um bom exemplo de preocupação com os temas de sustentabilidade, e temos também empresas em que a sustentabilidade é uma preocupação diária".
A sustentabilidade em Portugal
A reunião do Conselho Estratégico do Fórum ESG, onde estiveram presentes 39 CEO, teve ainda um debate dedicado à sustentabilidade em Portugal e aos desafios que o país espera em 2024, onde intervieram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, e Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon.
Para si o ambiente é o tema "fundamental e prioritário" dentro da sigla ESG, com destaque para os desafios da gestão da água. "Não existe ainda uma consciencialização de que isto é um problema grave", referiu. Para além disso, salientou a necessidade de harmonização dentro da imensa regulamentação que está a surgir e evidenciou que as empresas, sobretudo as PME, precisam de mais apoio nesta transição. "É necessário um quadro regulatório pormenorizado, estável e que tenha uma visão de apoio", defendeu.
Por fim, salientou que esta "transformação é cara" e que "os acionistas vão ter que assumir parte do custo, porque o Estado não vai assumir tudo", considerando que é necessário apoiar os que não conseguem investir e ser mais exigentes com as lideranças.
A iniciativa foi divulgada, nesta segunda-feira, na reunião do Conselho Estratégico do Fórum ESG do Jornal de Negócios, que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos. De caráter anual, o estudo terá um curador para a promover, papel que cabe nesta primeira edição a Miguel Maya, CEO do Millennium bcp.
"O estudo vai dar-nos um ponto de partida, não um ponto de chegada, e o que se deseja é que possamos continuar a evoluir em conjunto de maneira proativa e positiva", referiu Inês dos Santos Costa, "associate partner" de Sustentabilidade e Clima da Deloitte, na apresentação do estudo, que, para além de fazer o retrato das empresas em matéria de sustentabilidade, vai também identificar bloqueios e propor soluções.
Reconhecida que é a crescente prevalência de riscos ambientais e sociais no desempenho das organizações, decorrente das novas exigências dos consumidores, investidores e reguladores, Inês dos Santos Costa destacou que "se nada for feito, se o ‘business as usual’ continuar, todos os modelos, inclusivamente da União Europeia, apontam para uma perda de riqueza do país que é das mais substanciais em toda a União Europeia. E isto é também o risco das empresas".
Por isso, e tendo em conta um inquérito internacional sobre sustentabilidade que a consultora faz anualmente - que apurou que em 2023 a maioria das empresas espera que as alterações climáticas afetem a estratégia e as operações da sua empresa nos próximos três anos -, a "associate partner" reforça que é necessário agir: "O ótimo é inimigo do bom, mas é preciso começar por algum lado, é preciso definir o que é material para a sua empresa e começar por aí. O resto há de vir organicamente".
Inês dos Santos Costa salientou ainda que cabe às grandes empresas mostrarem atitude e liderarem o processo de transformação em marcha.
Na mesma apresentação do estudo, Afonso Arnaldo, "partner" e responsável de sustentabilidade da Deloitte, salientou que a sociedade vive "os dias, meses e anos mais desafiantes do nosso tempo", salientando que existem bons e maus indícios. Nomeadamente, o primeiro Balanço Global da ONU, recentemente divulgado, mostrou que mundo está longe de conseguir limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C. pela negativa destacou também a recente decisão britânica de adiar a proibição de venda de carros a combustão. "Mas há também bons exemplos, como é o caso da cidade de Cascais, que é um bom exemplo de preocupação com os temas de sustentabilidade, e temos também empresas em que a sustentabilidade é uma preocupação diária".
A sustentabilidade em Portugal
A reunião do Conselho Estratégico do Fórum ESG, onde estiveram presentes 39 CEO, teve ainda um debate dedicado à sustentabilidade em Portugal e aos desafios que o país espera em 2024, onde intervieram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, e Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon.
Temos muito dinheiro disponível para estes assuntos, mas realmente não conheço nenhum plano concreto. Gostava de ver um plano concreto de execução, tal como fazemos nas nossas empresas. João Pedro Oliveira e Costa
CEO do BPI
João Pedro Oliveira e Costa começou por evidenciar que para abraçar o desafio da sustentabilidade é necessário que no país haja atitude, planeamento e a definição de metas concretas. "Temos muito dinheiro disponível para estes assuntos, mas realmente não conheço nenhum plano concreto", acrescentando que "gostava de ver um plano concreto de execução, tal como fazemos nas nossas empresas". CEO do BPI
Para si o ambiente é o tema "fundamental e prioritário" dentro da sigla ESG, com destaque para os desafios da gestão da água. "Não existe ainda uma consciencialização de que isto é um problema grave", referiu. Para além disso, salientou a necessidade de harmonização dentro da imensa regulamentação que está a surgir e evidenciou que as empresas, sobretudo as PME, precisam de mais apoio nesta transição. "É necessário um quadro regulatório pormenorizado, estável e que tenha uma visão de apoio", defendeu.
Por fim, salientou que esta "transformação é cara" e que "os acionistas vão ter que assumir parte do custo, porque o Estado não vai assumir tudo", considerando que é necessário apoiar os que não conseguem investir e ser mais exigentes com as lideranças.
A nova diretiva de reporte de sustentabilidade é uma das que mais impacto vai ter nos próximos tempos, porque todas as grandes empresas, cotadas e não cotadas. Isabel Ucha
CEO da Euronext Lisbon
Isabel Ucha deu destaque às mais recentes regulamentações que vieram da União Europeia e que vão impactar as empresas, sublinhado a sua complexidade e a necessidade de as empresas escolherem as áreas de materialidade que lhes são aplicadas. "A nova diretiva de reporte de sustentabilidade é uma das que mais impactos vai ter nos próximos tempos, porque todas as grandes empresas, cotadas e não cotadas, mas também a seu tempo as mais pequenas, vão ter que cumprir", considerando-a "uma diretiva exigente, porque impacta todas as áreas". Neste sentido, Isabel Ucha diz que as empresas estão perante "um desafio grande a que temos que rapidamente deitar a mão". Por fim, perante uma transformação rápida que está a ser pedida às empresas e a outros "stakeholders", a CEO da Euronext Lisbon destacou que "se isto não for implementado com pragmatismo, depois vamos ter uma sociedade que não vai aceitar que se façam as transformações que têm que ser feitas e vamos ter um impacto social que também não é aquele que se quer. Portanto, isto tem de ser um equilíbrio, tem de ser gerido passo a passo e com bastante cuidado".
CEO da Euronext Lisbon