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Pedro Coelho referiu os principais objetivos do Plano regional de eficiência hídrica no Algarve, que teve início em 2020, e que vai fazer parte do PRR com um montante de 200 milhões de euros, no qual se incluiu a dessalinização de água do mar com 45 milhões de euros.
"Escassez hídrica, redução ou eliminação de cargas poluentes, a reabilitação fluvial, a gestão do risco de inundações e a gestão e valorização do litoral são as cinco temáticas muito importantes para Albufeira e o Algarve", referiu Pedro Coelho, diretor da Direção Regional da Administração Regional Hidrográfica Algarve durante a sessão final do Albufeira21 Summit, que decorreu nesta manhã de sábado. Acentuou ainda que em Albufeira a mobilidade sustentável, a eficiência energética do edificado, a reabilitação urbana, a recolha de bioresíduos e o aumento da recolha seletiva são desafios muito importantes.
"A escassez hídrica é o grande problema e que tem sido intenso nos últimos dois anos. Entre 2010 e 2021 já existiram três anos muito secos e com baixas precipitações", detalhou o responsável.
Este plano conta com 53 medidas e tem como principais metas a redução de perdas no setor urbano de 6,5 hectómetros cúbicos de 2025, e esta é mais relevante porque se trata de água tratada, a redução de perdas reais no setor agrícola de 5,3 hectómetros cúbicos e nos campos de golfe de 5,6 hectómetros cúbicos até 2026 com a reutilização de água.
Ainda segundo Pedro Coelho, há 18 milhões de metros cúbicos de água não faturada e dos quais mais de 13 milhões de metros cúbicos são perdas reais, por isso "há margem para gerir melhor a água tanto nos seus usos como na melhoria da gestão das infraestruturas", concluiu.
Escassez é estrutural
No dia anterior Pedro Valadas Monteiro, diretor da Direção Regional Agricultura e Mar, reforçou que uma das principais ameaças é a climatérica e estamos a viver períodos de seca cada vez mais correntes e intensos. "A quantidade de água que existe no solo, que provem da precipitação era inferior a 1. É um ponto em que a quantidade de água que existe no solo é tão baixo que nem a própria vegetação natural, as espécies tradicionais de sequeiro conseguem satisfazer as suas necessidades hídricas. Por isso temos um problema de seca na região do Algarve, que não é circunstancial, é estrutural. É a maior ameaça que impede sobre a nossa região atualmente", afirmou Pedro Valadas Monteiro.
Na sua opinião, "somos uma região fortemente assimétrica com um litoral com forte carga populacional e de infraestruturas, e depois um interior envelhecido e despovoado. As projeções apontam um crescimento demográfico até 2040 de 60%. As alterações climáticas também afetam o litoral aumentando o risco com a subida da água do mar, a erosão costeira, e cada vez há mais riscos".
Fez ainda referência à atividade económica concentrada na faixa costeira que vai além da praia e das atividades turísticas revelando que "o off-shore já tem com infraestruturas fixas que já estão implantadas como aquacultura, locais para fazer a recolha de areais para fazer recargas de areais, navios afundados, recifes artificiais, além de todo o tráfego tanto de embarcações de pescas como navios mercantes".