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SUV responsáveis por aumento de 20% das emissões de CO2 relacionadas com energia

Se os SUV fossem um país, seriam o quinto maior emissor de CO2 do mundo, revela a Agência Internacional de Energia. Estes veículos representaram cerca de metade das vendas globais de automóveis em 2023.

28 de Maio de 2024 às 11:04
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Os automóveis SUV foram responsáveis por mais de 20% do crescimento das emissões globais de CO2 relacionadas com a energia, em 2023, refere a Agência Internacional de Energia (AIE).

Estes veículos, que aliam características de utilitário e desportivo, representaram 48% das vendas globais de automóveis em 2023, atingindo um novo recorde e reforçando ainda mais a tendência para automóveis cada vez maiores e mais pesados, acrescenta a AIE.

Nas economias avançadas, as vendas de SUV atingiram cerca de 20 milhões de unidades no ano passado, ultrapassando pela primeira vez uma quota de mercado de 50%. Esta preferência por veículos de maiores dimensões estende-se também às economias emergentes e em desenvolvimento.

Atualmente, mais de um em cada quatro automóveis em circulação no mundo é SUV, a maioria dos quais são veículos convencionais com motor de combustão interna (ICE). Embora apenas 5% dos SUV atualmente em circulação sejam elétricos, estes representam uma percentagem crescente das vendas de automóveis elétricos. Em 2023, mais de 55% dos novos registos de automóveis elétricos eram SUV, indica a AIE.

O impacto no ambiente destes veículos faz-se sentir, na medida em que "os SUV pesam mais 200-300 kg do que um automóvel médio e ocupam normalmente mais 0,3 m2 de espaço, emitindo cerca de 20% mais emissões de dióxido de carbono (CO2). A tendência para carros mais pesados e menos eficientes em termos de combustível aumenta a procura de energia, incluindo a utilização de petróleo e eletricidade, bem como a procura de metais básicos e minerais críticos necessários para a produção de baterias", explica a AIE numa publicação divulgada nesta terça-feira.

Ao longo de 2022 e 2023, o consumo global de petróleo diretamente relacionado com os SUV aumentou num total de mais de 600 mil barris por dia, representando mais de um quarto do crescimento anual global da procura de petróleo.

Segundo a AIE, em 2023, existiam mais de 360 milhões de SUV nas estradas de todo o mundo, o que resultou em emissões de CO2 relacionadas com a combustão de mil milhões de toneladas, um aumento de cerca de 100 milhões de toneladas em relação ao ano anterior.

O aumento anual das emissões de CO2 atribuído ao crescimento dos SUV é equivalente a cerca de metade do crescimento das emissões provenientes do setor da eletricidade a nível mundial.

Em comparação com os automóveis mais pequenos, os SUV estão também associados a emissões indiretas mais elevadas resultantes da produção dos materiais utilizados no seu fabrico. Se fosse classificada por países, a frota global de SUV seria o quinto maior emissor de CO2 do mundo, logo a seguir à China, EUA, India e Rússia.

"Apesar dos avanços na eficiência do combustível e na eletrificação, a tendência para veículos mais pesados e menos eficientes, como os SUV, que emitem cerca de 20% mais emissões do que um automóvel médio, anulou em grande medida as melhorias no consumo de energia e nas emissões conseguidas noutros locais da frota mundial de automóveis de passageiros nas últimas décadas", indica a AIE.

Os veículos de maiores dimensões também colocam desafios relacionados com o aumento da utilização de minerais críticos, uma vez que estão equipados com baterias maiores.

Recorde-se que, para responder a alguns destes desafios, alguns países como França, Noruega e Irlanda, criaram ou estão a explorar quadros legislativos para controlar a procura de SUV. Cidades como Paris e Lyon estão a aplicar taxas de estacionamento mais elevadas especificamente dirigidas aos SUV nas zonas urbanas.

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