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Reciclagem de minerais críticos pode reduzir até 40% procura por novos produtos

A política subjacente à reciclagem de minerais críticos está a ganhar ritmo, mas é necessária uma maior adesão, defende a Agência Internacional da Energia. Valor de mercado da reciclagem de minerais críticos pode atingir 200 mil milhões de dólares até 2050.

18 de Novembro de 2024 às 10:47
Carros elétricos vão representar 33% dos novos carros em 2030, estimam os analistas do Goldman Sachs.
Toby Melville/Reuters
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Novas políticas e instalações para apoiar a reciclagem de minerais críticos pode trazer grandes benefícios para a segurança energética, a diversificação e a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), defende a Agência Internacional da Energia (AIE). O primeiro relatório do género da AIE, divulgado nesta segunda-feira, mostra que o crescimento da nova oferta mineira de minerais críticos poderia ser reduzido entre 25-40% até meados do século, através do aumento da reciclagem.

Assim, reciclar as matérias-primas essenciais que entram nas tecnologias de energia limpa poderia reduzir também as potenciais tensões no fornecimento à medida que os países prosseguem as transições energéticas.

Num cenário em que os países de todo o mundo cumprem todos os compromissos nacionais anunciados em matéria de clima, a reciclagem reduz as necessidades de desenvolvimento de novas minas em 40% no caso do cobre e do cobalto e em 25% no caso do lítio e do níquel até 2050, conclui o relatório. Estes metais são a força vital das tecnologias de energia limpa em rápida expansão atualmente disponíveis, incluindo a energia solar, a energia eólica, os veículos elétricos e as baterias, entre outras.

Porém, segundo a AIE, os investimentos em novas minas continuam a ser essenciais, uma vez que os níveis de abastecimento necessários até meados do século são muito superiores à produção atual e as minas existentes enfrentam declínios naturais na produção. Com base nos compromissos climáticos anunciados, são necessários cerca de 600 mil milhões de dólares de investimento no setor mineiro até 2040, mas este montante seria 30% superior sem a adoção da reciclagem.

Apesar das crescentes ambições políticas, a utilização de materiais reciclados não conseguiu, até à data, acompanhar o aumento do consumo de materiais, com a quota de cobre e níquel secundários a diminuir. Mas o novo relatório da AIE mostra que existe um vasto potencial para expandir a reciclagem em todo o mundo, se os incentivos políticos corretos estiverem em vigor, à medida que os veículos elétricos chegam ao fim da vida útil e a disponibilidade de matérias-primas aumenta rapidamente após 2030.

O mercado de metais reciclados para baterias já está a crescer rapidamente, tendo-se multiplicado por 11 em menos de uma década, embora partindo de uma base relativamente baixa.

"A reciclagem é vital para enfrentar os desafios relacionados com o abastecimento de minerais críticos e garantir a sustentabilidade a longo prazo", afirma Fatih Birol, diretor executivo da AIE, em comunicado. "O investimento em novas minas e refinarias continua a ser crucial, mas há amplas oportunidades de reciclagem para maximizar os recursos já à nossa disposição. À medida que avançamos para a Era da Eletricidade, temos de tirar partido deste tesouro de baterias gastas e dispositivos elétricos que podem ser reavivados e reutilizados, mas para isso temos de desenvolver um mercado maduro para a reciclagem, de modo a torná-la atrativa e facilmente acessível", acrescenta.

O interesse político neste domínio está a aumentar, destaca o relatório. Nos últimos três anos, foram introduzidas mais de 30 novas medidas políticas em matéria de reciclagem. E se todas as políticas existentes e anunciadas forem concretizadas, o valor de mercado da reciclagem de minerais críticos poderá atingir 200 mil milhões de dólares até 2050.

O aumento da reciclagem pode ter efeitos positivos na segurança energética, reduzindo a dependência das importações e criando reservas para atenuar os futuros choques de abastecimento e a volatilidade dos preços. Os benefícios para a segurança podem ser maiores em regiões com recursos minerais limitados e com uma implantação substancial de energias limpas. Além disso, reduz o impacto ambiental e social. Em média, os minerais críticos reciclados geram menos 80% de emissões de gases com efeito de estufa do que os materiais primários provenientes da extração mineira e ajudam a evitar que os resíduos das tecnologias de utilização final acabem em aterros.

O relatório destaca que a capacidade de reciclagem de baterias está a expandir-se rapidamente, com um crescimento anual de 50% em 2023. A China continua a ser o líder global em pré-tratamento e recuperação de materiais e espera-se que mantenha mais de 70% de quota de mercado em ambas as áreas até 2030. O país, que já detém uma posição dominante na refinação de minerais críticos, anunciou recentemente uma nova empresa estatal dedicada à reciclagem e reutilização de baterias em fim de vida, bem como de outros materiais.

A capacidade de reciclagem está atualmente a ultrapassar a matéria-prima disponível, mas esse cenário poderá mudar drasticamente depois de 2030, de acordo com o relatório, à medida que mais instalações de tecnologias de energia limpa e veículos elétricos chegarem ao fim da vida útil. Existem grandes diferenças regionais. A China continua a registar uma maior capacidade em relação à matéria-prima nacional. Na Europa e nos Estados Unidos, a capacidade de reciclagem anunciada cobre apenas 30% da matéria-prima até 2040. Este valor é superior ao da Índia, onde a cobertura em 2040 é de apenas 10%.

 

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