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Quase um quarto das grandes marcas de moda sem planos de descarbonização

Relatório que classifica as 250 maiores empresas de moda a nível mundial revela que os objetivos de redução das emissões das grandes marcas “não são suficientemente ambiciosos”.

05 de Agosto de 2024 às 16:37
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Quase um quarto das maiores marcas de moda do mundo (24%) não divulgam planos sobre descarbonização. E apenas quatro em 250 empresas analisadas têm objetivos de redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) que satisfazem o nível de ambição exigido pelas Nações Unidas, revela o novo relatório "O que alimenta a moda?", do movimento global Fashion Revolution.

O relatório refere que a indústria da moda está significativamente atrasada na implementação dos objetivos climáticos e na redução das emissões, com 86% das empresas sem um objetivo público de eliminação progressiva do carvão, 94% sem um objetivo público de energias renováveis e 92% sem um objetivo público de eletricidade renovável para as suas cadeias de abastecimento.

Menos de metade (43%) das marcas são transparentes sobre as suas aquisições de energia a nível operacional e ainda menos (10%) a nível da cadeia de abastecimento. Além disso, nenhuma grande marca de moda divulga o consumo de eletricidade da cadeia de abastecimento por hora. Consequentemente, as declarações de emissões zero da grande moda "podem estar desligadas da realidade da rede, criando uma falsa sensação de progresso em relação aos objetivos climáticos", concluem os analistas.

O relatório analisa e classifica 250 das maiores marcas e retalhistas de moda do mundo (volume de negócios de 400 milhões de dólares ou mais) com base na divulgação pública das suas ações relacionadas com o clima e a energia. O relatório abrange a responsabilização, descarbonização, aquisição de energia, descarbonização do financiamento e transição justa e sensibilização.

A pontuação média global das marcas é de 18% e há inclusive 32 marcas a pontuar 0%, como a Billabong, DKNY, Reebok ou a Tom Ford. Por outro lado, entre as marcas que pontuaram mais alto neste relatório estão a Puma (75%), Gucci (74%), H&M (61%) e Champion (58%).

A moda continua a ser uma das indústrias mais poluentes, com combustíveis fósseis queimados em todas as fases de produção. No entanto, o relatório conclui que, apesar da escalada da crise climática, os objetivos de redução das emissões das grandes marcas não são suficientemente ambiciosos para cumprir o objetivo global de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Em vez de investirem numa transição justa dos combustíveis fósseis, como o carvão, para fontes de energia renováveis, como a eólica e a solar, para alimentar a cadeia de abastecimento da moda de forma limpa, as marcas de moda estão a transferir os custos para as fábricas com que trabalham.

Embora as condições meteorológicas extremas possam custar quase 1 milhão de empregos no setor, o Fashion Revolution salienta que a maioria das grandes marcas de moda não está a proteger os trabalhadores da sua cadeia de abastecimento. Apenas 3% (sete marcas) revelam esforços para apoiar financeiramente os trabalhadores afetados pela crise climática. Este facto "é crítico, dada a fraca proteção social nos países produtores de vestuário e os salários de miséria e os elevados níveis de endividamento destes trabalhadores", apontam os analistas, salientando que eventos climáticos frequentes, como ondas de calor, monções e secas, estão a devastar os seus meios de subsistência.

"Ao investir pelo menos 2% das suas receitas em energia limpa e renovável e ao melhorar as competências e apoiando os trabalhadores, a moda poderia simultaneamente travar os impactos da crise climática e reduzir a pobreza e a desigualdade nas suas cadeias de abastecimento. O colapso climático é evitável porque temos a solução e a grande moda pode certamente dar-se a esse luxo", comenta Maeve Galvin, diretora de Políticas e Campanhas Globais da Fashion Revolution.

O relatório conclui assim que a indústria da moda "está a fugir à responsabilidade" tanto pela produção de quantidades excessivas de vestuário como pelas emissões associadas libertadas para a atmosfera. A maioria das grandes marcas de moda (89%) não divulga a quantidade de roupa que produz anualmente.

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