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Moda em segunda mão vai representar 10% do mercado em ‘mudança sísmica’ do setor

Aumento do custo de vida e preocupações com a sustentabilidade estão a levar o setor do vestuário em segunda mão a crescer três vezes mais rápido do que a moda tradicional.

01 de Abril de 2024 às 10:14
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O mercado mundial de vestuário em segunda mão deverá atingir 350 mil milhões de dólares (cerca de 325 mil milhões de euros) até 2028 e representará 10% do mercado da moda a nível mundial até 2025. Em 2023, a venda em segunda mão cresceu 15 vezes mais depressa do que o setor de vestuário tradicional, sendo que a opção online registou um crescimento de 23% ao longo do ano, naquela que será uma "mudança sísmica" para o setor, segundo dados revelados por um novo estudo produzido pela empresa de estudos de mercado GlobalData.

"Há uma perspetiva de relação qualidade-preço que se tornou mais importante numa altura de forte inflação. Há um ângulo de sustentabilidade, que faz com que muitos estejam favoravelmente predispostos para a economia circular, e há um ângulo de individualidade em que os consumidores valorizam a singularidade dos produtos disponíveis em segunda mão", explica Neil Saunders, analista de retalho da GlobalData.

Saunders prevê que, entre 2023 e 2028, o mercado global de segunda mão cresça 77,8%. O analista espera que o setor registe o crescimento mais rápido na Ásia e valha 150 mil milhões de dólares até 2028, o que o tornará o maior mercado global, seguido da Europa.

O relatório também revela que 62% dos executivos do setor retalhista acreditam que os seus clientes se preocupam com a sustentabilidade da marca. A promoção dos objetivos de sustentabilidade foi uma razão para 77% das marcas inquiridas considerarem a venda em segunda mão, sendo a terceira razão mais popular depois da aquisição de mais clientes (89%) e da geração de receitas (85%).

"As marcas devem considerar a venda em segunda mão porque é um segmento em crescimento e é uma parte do mercado em que os consumidores estão interessados e com a qual se envolvem", diz o analista. "O mercado de segunda mão também ajuda as marcas a mostrarem as suas credenciais de sustentabilidade, o que pode ser um importante fator de diferenciação."

A análise estima que as compras online de moda em segunda mão continuarão a crescer, uma vez que a Geração Z e os Millennials preferem o retalho digital ao físico. O relatório conclui que 51% dos compradores da Geração Z preferem comprar artigos em segunda mão online, um número apenas superado pelos Millennials, dos quais 55% preferem comprar vestuário em segunda mão online.

O individualismo e a autoexpressão são fatores determinantes entre estes consumidores. No entanto, os consumidores em geral procurarão dar prioridade ao valor em compras futuras, de acordo com o relatório, que concluiu que 59% dos compradores preferem não efetuar uma compra se não conseguirem encontrar um "bom" negócio.

"Os compradores mais jovens - Geração Z e Millennials - serão os que mais contribuirão para o crescimento nos próximos cinco anos. Ambas as gerações estão muito interessadas na sustentabilidade e gostam de fazer compras em segunda mão. A Geração Z também está a ver o seu poder de compra aumentar, o que ajudará a impulsionar os seus gastos ", afirma Saunders.

O relatório também considera o potencial de envolvimento do governo no mercado da segunda mão. Observa que 44% dos consumidores veem a política têxtil circular como uma questão não partidária e 42% acreditam que o governo deve tomar medidas legislativas para promover a moda sustentável.

 

 

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