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Países do G7 aquém da meta estipulada pelo Acordo de Paris

Uma nova análise do Carbon Disclosure Project conclui que os sete países mais industrializados do mundo não têm nenhum setor empresarial suscetível de descarbonizar suficientemente rápido para cumprir o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Um olhar sobre a Europa mostra que Portugal também não está bem posicionado.

07 de Setembro de 2022 às 10:13
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Os líderes globais vão reunir-se na COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egipto, no próximo mês novembro, para manter viva a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas a ação climática nas economias do G7 está a colocar esta ambição fora de alcance, de acordo com uma nova análise do Carbon Disclosure Project (CDP), instituição sem fins lucrativos de análise ambiental. 

De acordo com o estudo "Falhar a Meta: Ratings de Temperatura do CDP 2022", existe um fosso claro entre as metas climáticas fixadas politicamente pelas nações do G7 e a transformação real da economia. Diz a análise que nenhum dos países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) tem um setor empresarial suscetível de descarbonizar suficientemente rápido para cumprir o objetivo de 1,5°C.

De acordo com os analistas, os países do G7 estão a fazer progressos muito diferentes na redução das emissões, e estão a caminhar para um aquecimento global de 2,7 graus, devido às emissões da indústria, dos transportes e da energia. Assim, nenhum dos países do G7 atingirá a meta de 1,5 graus estabelecida no Acordo de Paris, estando mais alinhados com um aquecimento global de 2,7°C.

O relatório mostra que as empresas na Alemanha e em Itália têm os objetivos mais ambiciosos para reduzir as emissões, prevendo-se que as emissões coletivas correspondam ao ritmo de descarbonização que limitará o aquecimento global a 2,2°C. Os dois países são seguidos por França (2,3°C), Reino Unido (2,6°C) e os Estados Unidos (2,8°C). As empresas canadianas têm a pior previsão, com metas alinhadas com 3,1°C de aquecimento em média.

"O motor mais importante da redução rápida das emissões em conformidade com o Acordo de Paris é a fixação de objetivos ambiciosos. Não é aceitável para nenhum país, muito menos para as economias mais avançadas do mundo, ter indústrias com tão pouca ambição coletiva. Munidos desta informação, governos, reguladores, investidores e o público devem exigir mais das empresas de alto impacto que não tenham metas climáticas", declarou em comunicado Laurent Babikian, diretor global do Mercado de Capitais do CDP.

Europa também falha metas
O estudo lança també um olhar à Europa e, nesta análise, Portugal também não fica bem posicionado. Com base nas atuais metas de redução de emissões adotadas pelas empresas, o país falha o Acordo de Paris, fixando-se entre os 2,5º e os 2,6º de aquecimento. A Grécia (3,1º) e a Áustria, Bélgica, Luxemburgo e Hungria (todos com previsão de aquecimento de 3,0º) são os mais mal classificados na Europa. 

 

As classificações de temperatura no estudo refletem a ambição empresarial, em vez de políticas climáticas nacionais. Contudo, com a aproximação da COP27, o fosso entre o que é prometido pelos decisores políticos e a economia real é considerável, ressalta o relatório.

Para a temperatura de cada país, as classificações das empresas individuais foram agregadas e ponderadas pelas emissões totais. A análise mostra um desempenho superior e consistente por parte das empresas europeias em relação aos seus pares norte-americanos e asiáticos em todas as indústrias.

O sector europeu de produção de energia, por exemplo, está à frente de todos os sectores a nível mundial com níveis de 1,9°C de aquecimento. Isto compara com 2,1°C para as empresas norte-americanas e 3°C para as empresas asiáticas. O estabelecimento de objetivos na indústria na Europa está muito mais avançado, com cerca de 80% de todas as emissões cobertas por um objetivo válido de 2°C ou melhor. No conjunto, o sector empresarial europeu melhorou de 2,7°C em 2020 para 2,4°C em 2022.

De salientar que, se a terra aquecesse realmente cerca de 2,7 graus em comparação com a era pré-industrial, tal teria consequências catastróficas e tornaria partes da terra inabitáveis, de acordo com os investigadores climáticos. A diferença entre 1,5°C e 2°C, por exemplo, inclui um aumento de 10x na probabilidade de verões árticos sem gelo, um aumento de 2,6x no número de pessoas expostas a eventos de calor extremo, e o dobro do impacto na pesca marinha e no rendimento das colheitas, de acordo com o IPCC - Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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