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A União Europeia (UE) tem assistido a um "aumento acentuado" do número de veículos elétricos a circular nas estradas, aponta o estudo "State of European Transport", divulgado pela Federação Europeia dos Transportes e do Ambiente (T&E). Até ao final deste ano, a instituição prevê que sejam mais de nove milhões os carros elétricos. Apesar dos avanços, o "transporte europeu ainda depende demasiado dos combustíveis fósseis", escreve-se no relatório.
Numa altura em que a independência estratégica da Europa é, mais do que nunca, um assunto em cima da mesa dos decisores europeus, a associação chama a atenção para a ainda elevada dependência de materiais necessários à construção de veículos de zero emissões. O lítio (100%), níquel (75%) e alumínio (58%) são alguns exemplos.
Porém, os autores apontam que é possível contornar esta limitação através do aumento da reutilização, já que "podemos reciclar estes metais e dar-lhes uma nova vida". Tendo em conta que o sector dos transportes na UE emitiu, em 2024, 1,05 mil milhões de toneladas de CO2, menos 5% do que no ano anterior, a T&E atribui aos elétricos a responsabilidade pela redução.
Só em Portugal, a rede de carregamento pública Mobi.E permitiu poupar, em 2023, mais de 55 mil toneladas de CO2 graças ao aumento da utilização de veículos elétricos. Nesse ano, estes números permitiram reduzir em 20,5 milhões de litros de gasóleo a nível nacional.
Para a T&E, o impacto do Green Deal na redução de emissões está a ser positivo, mas a federação alerta que é preciso aumentar o investimento para que a Europa se mantenha no bom caminho. Aliás, é defendido no documento que é preciso investir 310 mil milhões de euros por ano na descarbonização do sector dos transportes, sob pena de não serem atingidas as metas propostas para 2030.
"A Europa está a libertar-se da sua dependência pelo petróleo lentamente, no entanto, ainda estamos a gastar centenas de milhões em importações a potências estrangeiras", afirma William Todts. O diretor-executivo da T&E avisa que "agora não é hora de reverter as medidas ‘verdes’", mas sim de "duplicá-las" para assegurar "a prosperidade e segurança do continente".
Apesar de passos positivos em algumas áreas, a instituição refere ainda que as emissões causadas pelas companhias aéreas europeias aumentaram quase 10% face a 2023, assim como a pegada do transporte marítimo se manteve elevada.
Para procurar o equilíbrio, a T&E sugere que as receitas obtidas com o transporte marítimo através do mercado de carbono na UE – cerca de 5 mil milhões de euros em 2024 – sejam utilizados "para colmatar a diferença de preço entre os combustíveis verdes e os combustíveis fósseis tradicionais". A estimativa é que estas receitas atinjam 30 mil milhões de euros anuais até 2030.
A nível individual, e contabilizando todas as atividades de transporte, cada europeu deixou uma pegada carbónica de 2,33 toneladas de CO2 em 2024.