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Osol português tem despertado o interesse de investidores internacionais. O apetite deve-se, em grande parte, à realização de leilões solares, uma das bandeiras do atual Governo para a promoção de energias limpas. Mas será o solar a energia do futuro?
Atualmente, o solar tem pouco peso na incorporação de energias renováveis em Portugal (2%). Porém, com os planos do Executivo de promover esses leilões, até 2025 prevê-se a instalação de cerca de 5 gigawatts de capacidade fotovoltaica, igualando a eólica.
Tendo em conta este cenário, Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação de Energias Renováveis (APREN),defende que “as duas tecnologias que vão predominar serão a fotovoltaica e a eólica, mas com perspetivas de crescimento diferentes”. Como a energia solar parte de uma posição baixa, e com os projetos leiloados em construção, irá ter “ uma elevada margem de integração”. Além disso, tem o “custo nivelado mais baixo do mercado”, referiu o responsável. Por sua vez, a capacidade eólica terá também uma evolução, “mas sobretudo baseada no ‘repowering’ das centrais existentes”, isto é, através do aumento da eficiência e capacidade. Por seu lado, “a hídrica continuará a ter um papel fundamental para o sistema, tanto em termos de geração, como em termos de estabilidade e segurança para o funcionamento do sistema elétrico, servindo também como um sistema de armazenamento de energia”, defendeu o responsável.
Já a EDP não tem dúvidas de que a “energia solar é a que irá verificar um crescimento mais acentuado nos próximos anos, resultante da sua baixa penetração no sistema atual, do excelente recurso existente no país e da forte redução de custos que tem conseguido”. Porém, alerta que um sistema elétrico resiliente baseado em renováveis requer um balanceamento das diversas fontes renováveis.
Por estas razões, a elétrica considera que “o reforço da capacidade de geração eólica do país e a gestão eficiente da capacidade hídrica terão também um papel importante”. Aliás, segundo Pedro Norton, presidente executivo da Finerge, apesar do forte crescimento previsto para o solar, “as projeções para o aumento da capacidade instalada de tecnologias eólicas também são positivas, com um crescimento que pode ultrapassar os 25% até 2025”.
O papel do gás natural
Apesar do incentivo ao investimento nas fontes de energia verde, nas próximas décadas ainda se perspetiva a necessidade de haver algumas fontes de origem fóssil como “backup”, nomeadamente o gás natural. “Todos os cenários sobre a procura mundial de energia para as próximas décadas atribuem ao gás natural uma maior relevância no mix energético”, destacou fonte oficial da Galp, acrescentando que se estima que até 2030 o consumo de gás natural aumente 7%.
“Não é de agora que a Galp defende que o gás natural terá um papel fundamental na transição para uma economia de menor intensidade de carbono. E isso acontecerá numa dupla vertente: como alternativa ao carvão – cujo consumo continuará a reduzir consistentemente nos próximos anos – e enquanto suporte à inevitável intermitência que as energias renováveis apresentam na sua capacidade de geração de eletricidade”, sustentou.
Já as perspetivas para o carvão são completamente diferentes, tendo sido decretado mesmo o fim da produção de energia através desta fonte com o fecho da central do Pego até ao final de 2021 e a de Sines até 2023.