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Mobilidade sustentável na UE exige investimento de 1,5 biliões de euros

Embora os avanços tecnológicos devam permitir reduzir as emissões de CO2 em 21% até 2030, alcançar as metas do Pacto Ecológico Europeu vai requerer medidas “muito mais ambiciosas”, defende a EIT Urban Mobility.

03 de Outubro de 2024 às 10:00
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As metas europeias de mobilidade sustentável exigem um investimento de 1,5 biliões de euros até 2050, revela a EIT Urban Mobility, uma iniciativa do Instituto Europeu de Tecnologia e Inovação (EIT, na sigla em inglês), no estudo "Custo e Benefício da Transição da Mobilidade Urbana". 

A investigação do organismo da União Europeia (UE) explora diferentes estratégias de mobilidade para as cidades europeias atingirem os objetivos do Pacto Ecológico Europeu para o setor dos transportes até 2030 e 2050, avaliando os diferentes impactos financeiros e sociais.

O estudo apresenta três cenários possíveis de transição para 12 protótipos de cidades europeias, refletindo a diversidade de ambientes urbanos na UE.  O documento evidencia que, embora os avanços tecnológicos devam permitir reduzir as emissões de CO2 em 21% até 2030, alcançar as metas do Pacto Ecológico Europeu vai requerer medidas "muito mais ambiciosas".

Desta forma, a EIT refere que será necessário enfrentar "desafios significativos" no que diz respeito à aceitação pública e à mudança de comportamentos para conseguir reduzir as emissões em 44%, cumprindo os objetivos estipulados pelo Pacto Ecológico Europeu para 2030.

O estudo vem demonstrar que as medidas mais eficazes para reduzir a utilização dos automóveis privados e, consequentemente, as emissões, envolvem uma combinação entre transportes públicos atrativos, opções de mobilidade partilhada e restrições de acesso, por exemplo, a zonas classificadas como de baixas emissões. Até 2030, estas medidas poderão resultar num aumento de 7% no número de passageiros em transportes públicos e numa redução até 16% nas deslocações em automóveis privados.

Maria Tsavachidis, CEO da EIT Urban Mobility, destaca a "urgência de dar prioridade aos investimentos certos para uma mobilidade limpa, bem como o seu retorno positivo para a saúde e o ambiente. Os transportes públicos aparecem como a solução mais acessível e inclusiva para reduzir as emissões de CO2. No entanto, esta transição não está isenta de desafios. Precisamos de um esforço coordenado a todos os níveis — desde a cidade ao continente europeu — para garantir que são realizados os investimentos necessários e que os cidadãos são envolvidos e apoiados durante esta transição".

Até 2050, os três cenários analisados deverão conseguir cumprir os objetivos de descarbonização estipulados pelo Pacto Ecológico Europeu para o setor dos transportes, nomeadamente através do contínuo desenvolvimento tecnológico e da renovação da frota de veículos. 

O estudo estima que o cumprimento destes objetivos pressuponha pelo menos 1,5 biliões de euros de investimento, incluindo 500 mil milhões de euros para a implementação e gestão de várias medidas de mobilidade sustentável. 

Embora estes custos "sejam significativos", o documento destaca que os benefícios – como a redução das emissões de CO2, a melhoria da saúde pública e a redução de custos externos – vão permitir superar os gastos financeiros.

Além da redução das emissões, o estudo aponta benefícios significativos para a saúde pública. A transição para modos de transporte mais ativos, como as deslocações a pé ou de bicicleta, poderá, até 2050, significar uma poupança cumulativa em saúde até 1170 euros per capita, impulsionada pelos benefícios do novo estilo de vida.

Além disso, prevêem-se melhorias na segurança rodoviária, com uma potencial redução de 70% no número de vítimas mortais em acidentes de viação até 2050, em resultado de infraestruturas mais seguras e da adoção de sistemas de transporte inteligentes.

A investigação sublinha também que, independentemente das características de cada cidade europeia, dar prioridade aos transportes públicos é essencial para uma transição justa e sustentável da mobilidade urbana. "O transporte público constitui um compromisso ideal entre a redução das emissões de CO2 e a necessidade de investimento, representando ainda a única opção de mobilidade inclusiva para todos os segmentos da população. Mesmo contabilizando os custos das infraestruturas e do investimento, o transporte público evidencia-se como uma opção acessível no que diz respeito a emissões de CO2 inclusivas e baixas, confirmando-se ainda como uma das abordagens mais realistas e exequíveis para cumprir os objetivos do Pacto Ecológico Europeu", assinala a EIT.

 

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