- Partilhar artigo
- ...
As empresas portuguesas têm conseguido afirmar-se nos rankings internacionais que avaliam o desempenho ambiental, e o sucesso é transversal aos vários setores. Neste sentido, aquelas que foram distinguidas partilham as boas práticas que lhes permitiram ascender a um lugar de destaque.
O Carbon Disclosure Project (CDP) avaliou mais de 9.600 empresas em 2020 - um número superior em 70% ao de 2015, o ano em que foi assinado o acordo de Paris. Entre elas, há quatro portuguesas com a classificação máxima de "A": a Sonae, a Navigator, a EDP e os CTT . No patamar seguinte posicionaram-se o BCP, a Jerónimo Martins, a Galp e a Nos, às quais o CDP atribuiu o "A-". A EDP e a Galp também constam do Dow Jones Sustainability Index e do Yearbook de 2021 da S&P Global, onde entra ainda o BCP. Ou seja, as três estão entre as 631 empresas que a S&P Global considera líderes em sustentabilidade, das 7000 que avaliou.
No entender do BCP, "os índices de sustentabilidade são ótimas ferramentas para quantificar o desempenho de uma empresa, contribuindo para a melhoria contínua das operações", e "ainda vamos a tempo de atuar", mas, complementa a Nos, "é urgente uma abordagem multissetorial e colaborativa na resposta aos desafios globais". Os CTT ressalvam que "ainda há um longo caminho a percorrer" e que "as empresas devem estar atentas às ‘necessidades verdes’ dos seus clientes". A Nos crê que as empresas terão mesmo o "papel principal" na descarbonização global. Mas o que há a ser feito? Estas empresas respondem.
Renováveis multiplicam-se
A descarbonização da produção de eletricidade, através das renováveis, e a eletrificação do consumo são "pilares" para a EDP. O solar e as eólicas são as grandes apostas até 2025, mas o armazenamento de energia, o autoconsumo e o hidrogénio verde também vão ajudar a atingir a neutralidade carbónica até 2025. Com exceção das eólicas, a Galp aponta exatamente na mesma direção. A petrolífera tornou-se o maior produtor solar da Península Ibérica e disponibiliza aos clientes planos de eletricidade 100% verde.
Mas a energia não é uma preocupação única do próprio setor. Um quarto da energia consumida pela Jerónimo Martins é renovável, e no BCP e nos CTT o consumo já é totalmente verde. O banco instalou mesmo uma central solar em Lisboa, para servir os seus edifícios e a Navigator tem centrais para autoconsumo em quatro das suas unidades, tal como a Sonae fez numa loja em Canedo. A Nos quer apoiar-se 80% nas renováveis até 2030 e, até 2025, quer diminuir o consumo da energia por tráfego de dados em 75%.
Além de consumir a energia certa, importa reduzir o consumo. A Nos aponta que a modernização da rede de acesso móvel poupou 25% de energia. LEDs e sistemas de climatização melhorados também diminuíram os gastos nas lojas e edifícios. Na Jerónimo Martins, além de LEDs e claraboias, melhores portas e tampas evitaram o desperdício nos móveis refrigerados e arcas congeladoras.
A Navigator tem nas florestas que gere um importante sumidouro de carbono. Contudo, o BCP também investiu na floresta, com doação de um euro para replantar o pinhal de Leiria por cada cliente que adere ao extrato bancário digital, prescindindo do extrato em papel. Assim, diminui o gasto de papel e promove a plantação.
Importam as viagens
Além do destino, a viagem. O BCP diz ter quase completa a substituição da frota na Polónia para modelos híbridos. A Nos fala de uma "transição progressiva" de todo o parque para viaturas elétricas, acompanhada da introdução de mais postos de carregamento elétrico nos seus edifícios. Os CTT têm a maior frota ecológica do setor logístico nacional, com 355 veículos e, em 2020, lançaram um serviço de entregas para empresas feitas unicamente em veículos elétricos. No Pingo Doce, a frota inclui dois camiões a gás natural liquefeito e sete de baixo peso, permitindo uma redução total de 221 toneladas de CO2. Na Sonae, quase 10% da frota é movida a gás natural veicular, e a empresa reduziu as rotas feitas em vazio pelos seus camiões e os dos fornecedores, evitando a emissão de quase 3 toneladas de CO2 em 2019. Adquirir produtos locais também ajuda. Já a Galp aponta o investimento na start-up Flow, que quer ser um sistema operativo global para a mobilidade elétrica.
C’ de clima, colaboradores e clientes
A Nos oferece aos colaboradores condições especiais para a compra de viaturas e bicicletas elétricas, disponibilizando estacionamento gratuito para bicicletas nos edifícios e dinamizando o programa "Boleias", que incentiva à partilha nas deslocações para o escritório ou viagens de trabalho. Já o projeto "Equipas para Gestão dos Consumos de Água e Energia", iniciado em 2011 nas lojas Pingo Doce e Recheio, conseguiu reduzir os consumos de água em 340 mil metros cúbicos e os de energia em cerca de 48 milhões kWh, o que equivale a uma poupança de mais de 6,1 milhões de euros.
A sensibilização dos clientes para as alterações climáticas é feita no BCP junto das empresas com maior exposição a riscos e regulamentação ambiental. Já a EDP lançou uma app que se destina a desafiar os clientes a adotarem comportamentos mais sustentáveis. Na Sonae, 93% dos equipamentos à venda têm eficiência energética A ou superior, e são feitas campanhas de sensibilização neste sentido.
Dinheiro "limpo"
No setor financeiro, o desenvolvimento de produtos ESG (ambientais, sociais e de governança) contribui para a causa climática. Estes mesmos critérios já são tidos em conta na hora de atribuir financiamento, aponta o BCP. A Sonae avançou com operações de refinanciamento de 150 milhões de euros indexadas ao desempenho em indicadores ESG, como a redução de emissões. Por fim, o banco destaca a importância de medir e reportar, pois sem "uma informação financeira fiável relacionada com o clima, os mercados financeiros não conseguem quantificar, corretamente, o impacto dos riscos e oportunidades climáticas".
A Sonae conclui: "o investimento que fazemos em medidas de eficiência ambiental tem permitido poupanças significativas a nível ambiental, social e financeiro, demonstrando claramente que é uma aposta que vale a pena a todos os níveis".
O Carbon Disclosure Project (CDP) avaliou mais de 9.600 empresas em 2020 - um número superior em 70% ao de 2015, o ano em que foi assinado o acordo de Paris. Entre elas, há quatro portuguesas com a classificação máxima de "A": a Sonae, a Navigator, a EDP e os CTT . No patamar seguinte posicionaram-se o BCP, a Jerónimo Martins, a Galp e a Nos, às quais o CDP atribuiu o "A-". A EDP e a Galp também constam do Dow Jones Sustainability Index e do Yearbook de 2021 da S&P Global, onde entra ainda o BCP. Ou seja, as três estão entre as 631 empresas que a S&P Global considera líderes em sustentabilidade, das 7000 que avaliou.
No entender do BCP, "os índices de sustentabilidade são ótimas ferramentas para quantificar o desempenho de uma empresa, contribuindo para a melhoria contínua das operações", e "ainda vamos a tempo de atuar", mas, complementa a Nos, "é urgente uma abordagem multissetorial e colaborativa na resposta aos desafios globais". Os CTT ressalvam que "ainda há um longo caminho a percorrer" e que "as empresas devem estar atentas às ‘necessidades verdes’ dos seus clientes". A Nos crê que as empresas terão mesmo o "papel principal" na descarbonização global. Mas o que há a ser feito? Estas empresas respondem.
Renováveis multiplicam-se
A descarbonização da produção de eletricidade, através das renováveis, e a eletrificação do consumo são "pilares" para a EDP. O solar e as eólicas são as grandes apostas até 2025, mas o armazenamento de energia, o autoconsumo e o hidrogénio verde também vão ajudar a atingir a neutralidade carbónica até 2025. Com exceção das eólicas, a Galp aponta exatamente na mesma direção. A petrolífera tornou-se o maior produtor solar da Península Ibérica e disponibiliza aos clientes planos de eletricidade 100% verde.
Mas a energia não é uma preocupação única do próprio setor. Um quarto da energia consumida pela Jerónimo Martins é renovável, e no BCP e nos CTT o consumo já é totalmente verde. O banco instalou mesmo uma central solar em Lisboa, para servir os seus edifícios e a Navigator tem centrais para autoconsumo em quatro das suas unidades, tal como a Sonae fez numa loja em Canedo. A Nos quer apoiar-se 80% nas renováveis até 2030 e, até 2025, quer diminuir o consumo da energia por tráfego de dados em 75%.
Além de consumir a energia certa, importa reduzir o consumo. A Nos aponta que a modernização da rede de acesso móvel poupou 25% de energia. LEDs e sistemas de climatização melhorados também diminuíram os gastos nas lojas e edifícios. Na Jerónimo Martins, além de LEDs e claraboias, melhores portas e tampas evitaram o desperdício nos móveis refrigerados e arcas congeladoras.
A Navigator tem nas florestas que gere um importante sumidouro de carbono. Contudo, o BCP também investiu na floresta, com doação de um euro para replantar o pinhal de Leiria por cada cliente que adere ao extrato bancário digital, prescindindo do extrato em papel. Assim, diminui o gasto de papel e promove a plantação.
Importam as viagens
Além do destino, a viagem. O BCP diz ter quase completa a substituição da frota na Polónia para modelos híbridos. A Nos fala de uma "transição progressiva" de todo o parque para viaturas elétricas, acompanhada da introdução de mais postos de carregamento elétrico nos seus edifícios. Os CTT têm a maior frota ecológica do setor logístico nacional, com 355 veículos e, em 2020, lançaram um serviço de entregas para empresas feitas unicamente em veículos elétricos. No Pingo Doce, a frota inclui dois camiões a gás natural liquefeito e sete de baixo peso, permitindo uma redução total de 221 toneladas de CO2. Na Sonae, quase 10% da frota é movida a gás natural veicular, e a empresa reduziu as rotas feitas em vazio pelos seus camiões e os dos fornecedores, evitando a emissão de quase 3 toneladas de CO2 em 2019. Adquirir produtos locais também ajuda. Já a Galp aponta o investimento na start-up Flow, que quer ser um sistema operativo global para a mobilidade elétrica.
C’ de clima, colaboradores e clientes
A Nos oferece aos colaboradores condições especiais para a compra de viaturas e bicicletas elétricas, disponibilizando estacionamento gratuito para bicicletas nos edifícios e dinamizando o programa "Boleias", que incentiva à partilha nas deslocações para o escritório ou viagens de trabalho. Já o projeto "Equipas para Gestão dos Consumos de Água e Energia", iniciado em 2011 nas lojas Pingo Doce e Recheio, conseguiu reduzir os consumos de água em 340 mil metros cúbicos e os de energia em cerca de 48 milhões kWh, o que equivale a uma poupança de mais de 6,1 milhões de euros.
A sensibilização dos clientes para as alterações climáticas é feita no BCP junto das empresas com maior exposição a riscos e regulamentação ambiental. Já a EDP lançou uma app que se destina a desafiar os clientes a adotarem comportamentos mais sustentáveis. Na Sonae, 93% dos equipamentos à venda têm eficiência energética A ou superior, e são feitas campanhas de sensibilização neste sentido.
Dinheiro "limpo"
No setor financeiro, o desenvolvimento de produtos ESG (ambientais, sociais e de governança) contribui para a causa climática. Estes mesmos critérios já são tidos em conta na hora de atribuir financiamento, aponta o BCP. A Sonae avançou com operações de refinanciamento de 150 milhões de euros indexadas ao desempenho em indicadores ESG, como a redução de emissões. Por fim, o banco destaca a importância de medir e reportar, pois sem "uma informação financeira fiável relacionada com o clima, os mercados financeiros não conseguem quantificar, corretamente, o impacto dos riscos e oportunidades climáticas".
A Sonae conclui: "o investimento que fazemos em medidas de eficiência ambiental tem permitido poupanças significativas a nível ambiental, social e financeiro, demonstrando claramente que é uma aposta que vale a pena a todos os níveis".