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A larga maioria dos resíduos produzidos (57%) em Portugal são ainda encaminhados para aterro, uma solução que caiu em desuso nos últimos anos e cuja utilização a União Europeia (UE) quer limitar. No espaço comunitário, o objetivo é que os Estados-membros cheguem a 2035 com um limite máximo de 10% de resíduos em aterros. Para lá chegar, porém, é preciso "garantir que os cidadãos têm toda a informação e as ferramentas necessárias", aponta a responsável de sustentabilidade da DECO Proteste.
Elsa Agante aponta a mira especificamente aos "resíduos elétricos e eletrónicos", que devem ser descartados "de forma responsável", porque esta é uma área em que os números permanecem baixos. Aliás, as estimativas apontam que o país produz, em média e por ano, cerca de 147 mil toneladas destes resíduos, embora só tenham sido recolhidas, em 2023, 46 mil toneladas.
O novo estudo divulgado pela DECO e ERP Portugal quis avaliar o conhecimento e as atitudes dos portugueses em relação ao encaminhamento de resíduos elétricos e eletrónicos. Os dados mostram que metade dos inquiridos se consideram "muito bem informados" sobre a separação, e que os maiores níveis de informação sobre o tema concentram-se em pessoas com mais de 40 anos.
Apesar de cerca de 50% dos participantes saberem onde podem deixar este tipo de produtos e equipamentos – nomeadamente, em lojas de eletrodomésticos -, apenas 28% reconhecem a possibilidade de depositar também pilhas e baterias. Há, aponta o estudo, "um crescente reconhecimento dos tipos de pontos de recolha existentes".
A proximidade dos pontos de recolha e a informação sobre a sua localização são, ainda, desafios a superar. Entre os inquiridos, apenas 10% dizem colocar resíduos no lixo indiferenciado e são 38,5% aqueles que dizem ter pontos de recolha perto da sua casa. "Esta percentagem diminui à medida que os inquiridos se afastam dos centros urbanos para as áreas rurais e revela que o foco do alargamento da rede de pontos de recolha deve concentrar-se nestas áreas", lê-se no comunicado enviado às redações.
O incentivo financeiro continua a ser um fator de motivação para a população, indicam os dados - especialmente na faixa etária entre os 18 e os 34 anos. Nove em cada dez portugueses (90%) admitem que estariam mais disponíveis a fazer a correta separação de resíduos se recebesse algo em troca, nomeadamente "dinheiro, voucher ou desconto noutros produtos". A presença destes contentores de recolha em supermercados e outras superfícies comerciais é ainda apontada como "um excelente incentivo à separação".
Para Rosa Monforte, diretora-geral da ERP Portugal, é importante continuar a apostar numa "rede de recolha seletiva de proximidade", bem como na promoção de "ações de informação e sensibilização ao consumidor".
O estudo, que conta com uma amostra de 1001 pessoas entre os 18 e os 74 anos, acrescenta ainda que, embora haja "espaço para o crescimento desta opção de consumo", 60% dos inquiridos já compraram equipamentos eletrónicos em segunda mão. Para a esmagadora maioria (94%), a questão do preço é a principal motivação, embora as questões ambientais sejam também um fator relevante para uma parte da população.