Opinião
Na Catalunha discute-se o adeus de Luis Enrique
Os ânimos andam cada vez menos calmos na relação de Madrid com Barcelona, do poder central com os desejos independentistas de quem controla o poder catalão.
O nervosismo transfere-se também para o futebol, agora que Real Madrid e Barcelona lutam pelo título da Liga espanhola. Agora Luis Enrique, o treinador do Barcelona, lançou a bomba: "Não serei o treinador do Barcelona na próxima temporada." O adeus foi inesperado, sobretudo nas vésperas daquilo que poderá ser o adeus antecipado à Liga dos Campeões, que o clube aspirava vencer esta época. No El País, Ramon Besa escreve: "Luis Enrique foi consequente com a sua maneira de ser mesmo no momento do anúncio de que não continuará no Barcelona. (…) Lucho nunca teve memória nem foi escravo emocional de nenhuma tendência futebolística, nem mesmo do 'dream team' nem da equipa de Guardiola, por mais amigo que seja do hoje treinador do Manchester City. A libertação de Luis Enrique supôs por momentos uma condenação para o Barcelona. Há um tremendo sentimento de orfandade futebolística no Conselho Directivo do Barcelona."
Pior, quando o Barcelona é o símbolo maior da Catalunha. Santi Nolla, no Mundo Desportivo de Barcelona, analisa: "Má notícia para o Barcelona. Luis Enrique é um excelente treinador, um dos maiores, e que deixe o banco debilita o clube 'blaugrana'. Luis Enrique não precisa de uma corte de aduladores que o elevem à categoria de guru, é uma pessoa capaz de ser feliz com a sua família e a sua bicicleta. A sua prioridade sempre foi a equipa." No As, de Madrid, Alfredo Relaño argumenta: "A saída de Luis Enrique foi surpresa pela forma, não pelo conteúdo. Sabia-se que não dava mais de si. Depois de observada a reacção de Messi (não comemorou) após marcar o pénalti ao Leganés, o mal-estar era demasiado visível. Porquê o anúncio ontem? Pode ser que se tenha inteirado de que há movimentos nas suas costas para encontrar um sucessor."
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