Opinião
As responsabilidades do Facebook na eleição de Trump
Não foram só os media tradicionais que falharam. A vitória de Trump deixou as redes sociais debaixo de um coro de críticas, pela facilidade com que permitem a difusão de informação falsa.
Uma análise do Buzzfeed concluiu que histórias que misturavam factos com muita ficção, com origem na extrema-direita, tiveram ampla divulgação. Muito mais do que no campo ideológico oposto. Num tempo de "pós-verdade", a palavra do ano para os dicionários Oxford, qual é a culpa do Facebook ou do Google?
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, sentiu-se na obrigação de vir dizer que a rede social que fundou não pode ser responsabilizada pelos resultados eleitorais. Já pôs a sua equipa em campo para travar notícias falsas, mas avisa que o Facebook "deve ser muito cauteloso sobre tornar-se o árbitro da verdade". Philip Delves Broughton escreve no Financial Times que "as evasivas de Zuckerberg soam como desculpas de alguém com medo de escrutinar o seu próprio modelo de negócio".
Brian Hughes, professor de media no Queens College, diz na CNN que "seria um erro pressionar o Facebook e o Google a actuarem como censores". "A solução para este problema não é menos conteúdo, mas melhor curadoria", e sugere a adopção da doutrina da equidade, criada para as televisões nos anos 50, programando o "feed" de notícias para fornecer conteúdos de forma "equilibrada e rigorosa". Serão disso capazes os algoritmos?
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