Opinião
As escutas de Donald Trump e as dúvidas francesas
Donald Trump parece estar inquieto. Confrontado com tantas dúvidas sobre as ligações de membros do seu gabinete à Rússia decidiu voltar ao Twitter para dizer que Barack Obama tinha mandado colocar escutas na sua sede de campanha.
A confusão é tal que o director do FBI, James Comey, pediu ao Departamento de Justiça que emita um comunicado público a negar as afirmações de Trump, já que um Presidente não pode pedir para que se escute alguém. O caos está novamente lançado, como escreve E. J. Dionne Jr no Washington Post: "Trump tem um problema. Se não foi escutado, inventou uma acusação falsa espectacular. (…) Trump parece assumir que a verdade já não interessa, e que um líder apenas necessita que suficientes votantes acreditem nos 'factos alternativos' que o seu lado inventa."
No Independent, Mathew Norman analisa o tema: "O primeiro indício de confusão chegou com a alegação de que Obama tinha ordenado a escuta. Podemos imaginar Trump cometer um tal abuso de poder. Mas só um viciado da Breitbart News, o paraíso das conspirações de Steve Bannon, poderia imaginar Obama capaz do mesmo. Apesar de os seus apoiantes se terem apressado a desfazer as alegações de Trump, Obama manteve-se calado. Demasiado esperto e digno para ser aspirado para uma rixa de rua com um perturbado lutador de joelhos nus. Em França também reina a confusão com a recusa de Fillon de abandonar a luta pela presidência. No El Mundo, F. Jiménez Losantos refere: "A chave, em tudo isto, é quem conquista o eleitorado de Sarkozy em 2007. E anteontem a senhora Macron lançou uma bengala nessa direcção: elogiou calorosamente o trabalho e o estilo de Carla Bruni e disse que era o seu modelo se chegasse a primeira-dama. O discurso de Le Pen é mais atractivo para a direita do que a do ex-ministro de Hollande. (…) Carla é metade dos Sarkozy. Se aparecer num comício dos Macron, a coisa será renhidíssima."
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