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O PS à beira do futuro

À medida que aumentam os sinais de que a maioria absoluta pode nunca chegar, cresce a angústia do PS, um partido que sabe de onde vem mas não sabe para onde vai.

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O Partido Socialista (PS) chega ao seu 22º congresso com um passado recente prometedor e um passado menos recente embaraçoso. Do segundo, não quer falar; do primeiro, quer falar, mas não sabe se quer repetir. 

Neste momento, não restam dúvidas no PS sobre o sucesso da solução governativa construída por António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. Mesmo os críticos ferozes dessa solução, como Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto, tiveram de dar uma cambalhota no seu discurso. O PS refém de dois partidos de extrema-esquerda que descreviam há um ano transformou-se no PS que conseguiu neutralizar por completo os seus parceiros. De partidos radicais e irresponsáveis prontos a virar o país do avesso, PCP e Bloco de Esquerda passaram a ser partidos irrelevantes.

Mas se todos os socialistas concordam que a experiência correu bem para o PS, as opiniões já divergem sobre a sua repetição na próxima legislatura. É grande o cepticismo sobre a possibilidade de haver um entendimento sólido entre partidos com concepções do Estado, da economia e da Europa tão diferentes. Enquanto nesta legislatura foi possível apoiar a maioria num conjunto de medidas de curto prazo – devolução de rendimentos e reversão de parte das medidas da troika –, é difícil repetir a receita quando o país precisa de tomar opções de fundo.

Tudo seria mais fácil se o PS tivesse maioria absoluta nas próximas eleições. Para o PS, mas também para o PCP e Bloco porque não teriam de tomar decisões difíceis. As cúpulas dos dois partidos mostram-se cada vez mais desconfortáveis com a geringonça e parecem contar os dias até ao fim da legislatura. Se em 2015, o que tinham a perder justificava tudo para impedir o prolongamento da governação de Passos Coelho, essa situação já não se coloca quando se sabe que o PS vencerá as eleições.

Mas para chatear, as sondagens vão no sentido contrário da maioria absoluta. O barómetro da Aximage é claríssimo a esse respeito. Desde Fevereiro que o PS vem sofrendo uma erosão lenta mas aparentemente consistente nas intenções de voto – ao contrário do PCP e Bloco que se mantêm constantes – e a distância face ao principal partido da oposição, que chegou a ser de 21 pontos percentuais no Verão passado, desceu para 10 pontos em Maio. 

É por isso – e por respeito aos actuais parceiros – que António Costa prefere não fechar portas para 2019. E é com esta incerteza gigante sobre os ombros que vai abrir esta sexta-feira o congresso do PS, um partido que sabe de onde vem mas não sabe para onde vai.

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