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Tudo bons rapazes

A partir do momento em que Isaltino Morais anunciou a sua candidatura a Oeiras, entrando em compita com o seu ex-delfim e actual presidente da Câmara, Paulo Vistas, percebeu-se que a eleição autárquica neste concelho possuía todos os ingredientes para se tornar polémica, mais que não fosse pela putativa troca de argumentos acesos entre ambos.

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Até porque Isaltino Morais, que cumpriu dois anos de prisão pelo crime de branqueamento de capitais e escreveu um livro sobre esta sua experiência, excluiu em 2015 a possibilidade de regressar à vida política, uma promessa que só durou dois anos.

O que poucos esperavam foi o que sucedeu depois. Um juiz, Nuno Cardoso de sua graça, resolveu indeferir a candidatura de Isaltino Morais e de uma outra candidata ao lugar, Sónia Gonçalves, alegando "irregularidades" na identificação dos candidatos das listas.

Soube-se depois que o referido juiz foi padrinho de casamento de Paulo Vistas e que, estando colocado em Sintra, se propôs a fiscalizar o processo eleitoral em Oeiras, apresentando como argumento o facto de este município ser próximo da sua residência.

Depois disso, um despacho do Tribunal de Oeiras, emitido na sexta-feira - e noticiado pela agência Lusa na segunda-feira -, veio informar que os requerimentos de incidente de suspeição apresentados pelo grupo Inovar Oeiras de Volta e pelo movimento independente Renascer Oeiras 2017 "não se justificam", uma vez que o juiz Nuno Cardoso, que chumbou as candidaturas, esteve de turno de 1 a 8 de Agosto e "não mais terá intervenção no processo eleitoral".

Pelo caminho, Paulo Vistas acusou Isaltino Morais de o ter difamado e sublinha que "uma decisão judicial não pode justificar a leviandade das insinuações" feitas por alguém que, em sua opinião, "já perdeu todos os argumentos legais".

Toda esta história rocambolesca poderia ser evitada com uma simples atitude, a do juiz, de se afastar de um processo em que as suas decisões poderiam ser postas em causa pela proximidade em relação a um dos candidatos. Não só não o fez, como se predispôs a analisar as candidaturas a Oeiras.

Os factos são estes e não abonam a favor de nenhum dos envolvidos. Antes pelo contrário, contribuem para contaminar a imagem de dois poderes, o autárquico e o judicial, que deviam ser confiáveis. Em nome de quê? Ainda mais quando o tribunal, na segunda-feira, acaba por autorizar a candidatura de Isaltino, contrariando o despacho do anterior juiz. Tudo bons rapazes.

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