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11 de Junho de 2012 às 23:30

Um fim-de-semana ibérico

A sucessão de acontecimentos e as omissões na resposta a uma crise que se começa a ampliar tornam impossível não escrever sobre a Europa. Depois de Chipre admitir que poderá necessitar de apoio financeiro, foi a vez da Espanha, uma das maiores economias europeias.

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A sucessão de acontecimentos e as omissões na resposta a uma crise que se começa a ampliar tornam impossível não escrever sobre a Europa. Depois de Chipre admitir que poderá necessitar de apoio financeiro, foi a vez da Espanha, uma das maiores economias europeias. Lá, como nos três países com ajuda financeira internacional, o governo - também ele alheado da realidade do país - resistiu para lá do admissível. Com efeito, antes da crise económica e social que tem assolado a Espanha, já existiam sinais de alerta no sistema financeiro desde 2008. O apoio internacional foi assim imposto como forma de acalmar os investidores nos mercados internacionais, tanto mais que a "solução" grega pode não surgir, como desejado, no próximo domingo.

O Governo espanhol optou por um discurso de meia verdade, seja em nome do orgulho nacional, seja por mera política interna. Sendo certo que não haverá um duro memorando similar ao português e ao grego, trata-se afinal de uma injecção financeira que vai onerar ainda mais os juros da dívida pública espanhola e, por conseguinte, o défice público. Todos fingiram, afinal, que tinha sido tomada a medida que se impunha. Certo, mas apenas no muito curto prazo. Isto por duas razões: primeira, o Instituto Financeiro Internacional estimou em cerca de 200 mil milhões as perdas da banca espanhola; segunda, ainda não é conhecida a real dimensão das necessidades de financiamento das regiões autonómicas. Trata-se, infelizmente, de um primeiro passo e não da solução final.

A notícia da entrada de um dos "grandes" na ajuda financeira foi acompanhada pela derrota da selecção portuguesa frente à Alemanha. Em Portugal, os comentários seguiram a mesma linha de raciocínio: no futebol e na crise da dívida soberana tentamos sempre contar com os desaires dos parceiros. Podemos não ter estratégia, podemos não ser os melhores, mas isso que interessa se podemos ganhar com a derrota de terceiros?

Mas existe uma enorme diferença entre os dois domínios. No futebol não haverá mais do que um orgulho ferido. No país económico e social existem já milhões de portugueses com dificuldades agravadas ou nunca sentidas. Mas qual é o problema para o actual governo se na sua lista de tarefas - tipo lista de compras - vai assinalando as cruzinhas?

Professora universitária (ISEG) e investigadora. Economista.

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