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Um croquete para África?

A política externa portuguesa assemelha-se muitas vezes à do célebre Mr. Magoo dos desenhos animados: não vê. Ou se vê, está distraída e não actua. Pior: há uma estratégia política externa que sobrevive como um pilar de cimento a todos os ministros. Chama

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A política externa nacional pretende o melhor de dois mundos: estar bem com Deus e com o Diabo. O resultado é ser olhado como um aluno bem comportado que nunca toma decisões porque não há estratégia. Falou-se de “diplomacia económica”, mas por exemplo no caso dos mercados abastecedores de Angola mostra-se como ela funciona. Delineámos a rede de oito centros logísticos, mas no caso de Luanda a construção foi adjudicada a espanhóis. Pergunta ingénua: porquê? Nos diferentes contactos os espanhóis jogaram com todos os seus trunfos; os portugueses ficaram a olhar para a praia e afogaram-se nela. Não há uma estratégia externa portuguesa, excepto a do croquete. É por isso que Malcolm Rifkind, antigo responsável britânico das relações com África, punha ontem no “Financial Times” o dedo na ferida. Segundo ele os portugueses estão desesperados para que a cimeira Europa/África vá avante. Mas que a Grã-Bretanha, se Mugabe participar, deve boicotar se o Governo português tentar um ilusionismo qualquer porque Sócrates quer ficar com os louros da ligação entre a Europa e África. Mas a que custo? A política externa portuguesa é do estilo: “não me comprometa”. E ao nunca se comprometer torna-se a “diplomacia económica” do croquete.
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