Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
04 de Maio de 2020 às 15:00

Setor automóvel precisa de acompanhar a mudança digital

A pandemia evidenciou a necessidade de o setor automóvel evoluir. Com os concessionários automóveis fechados o recurso disponível focou-se nos meios eletrónicos. No entanto, infelizmente os sites das marcas continuaram a promover ensaios e outras formas de relacionamento como se nada se estivesse a passar. Poucas, ou nenhumas, empresa do setor adaptaram a sua comunicação às novas circunstâncias.

  • ...
As marcas continuam centradas no escoamento de stocks e usam os canais criados para colocar o produto na rede de distribuição, obrigando os concessionários a lutar contra o estrangulamento financeiro e logístico proveniente desse comportamento.

A mudança de postura das marcas em relação aos concessionários era necessária, de modo a deixarem de tratar os concessionários como instrumentais.

Não será previsível a reposição dos investimentos previstos para os concessionários nem a conversão das marcas para o online. Muito pelo contrário, os concessionários deverão continuar a ser pressionados, muito para além do razoável, para investimentos que continuam focados no produto e não no consumidor e no processo de relacionamento com este.

Agora que os stands voltam a abrir será possível que os condutores voltem a experimentar fisicamente os carros, sendo necessária a garantia das normas de higiene e segurança. A questão é o que vão as marcas fazer na iminência de uma segunda vaga pandémica que cada vez mais se apresenta mais como possível? E, daquilo que se conhece, pouco, ou nada, está a ser preparado.

As fábricas de automóveis devem retomar a produção de veículos normalmente, cumprindo algumas normas básicas de distanciamento, aliás, como já está a acontecer.

A produção de automóveis em Portugal registou uma quebra muito próximo dos 100% no mês de abril. É expectável que recuperação até setembro será, sempre, muito lenta.

O pós-Covid-19 deverá impor poucas mudanças na indústria automóvel em Portugal. As necessidades de distanciamento social irão recolocar o produto automóvel, para uso pessoal, num patamar de interesse que vinha perdendo, face ao transporte coletivo. As marcas irão, obviamente, explorar essa oportunidade. As ameaças virão da degradação das condições económicas que dificultarão o acesso de muitos consumidores ao produto. Quanto aos restantes fatores, que ponderam no processo de tomada de decisão, muito pouco, ou nada, mudará.

Resta-nos esperar uma franca recuperação para o setor automóvel, assim como para toda a economia, num momento em stands automóveis reabrem atividade, como já acontecia com as empresas de reparação e manutenção automóvel, venda de peças e acessórios, e serviços de reboque.

Henrique Ribeiro *
Maio 2020
*É Professor Especialista em Marketing, leciona Marketing no IPAM, Universidade Europeia, em Lisboa, e é consultor sénior de empresas na AIP/CCI.
Foi, entre outras, Diretor de Marketing e Vendas da PSA Crédito, S.A., Diretor de Marca do Entreposto Hyundai e Administrador do Pavilhão Atlântico S.A.
Ver comentários
Saber mais coronavírus covid-19 Setor automóvel
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio