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22 de Maio de 2012 às 23:30

Saber do Mundo

Em 1815, a notícia da vitória da coligação de ingleses, alemães e holandeses comandados pelo Duque de Wellington sobre os franceses de Napoleão Bonaparte, em batalha no domingo 18 de Junho perto de Waterloo, aldeia a dez quilómetros a sul de Bruxelas, só chegou a Londres quatro dias depois, em relatório de Wellington para o seu ministro da guerra, facultado ao jornal o "Times" que atrasou a impressão para o publicar ainda nessa quinta-feira.

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Em 1815, a notícia da vitória da coligação de ingleses, alemães e holandeses comandados pelo Duque de Wellington sobre os franceses de Napoleão Bonaparte, em batalha no domingo 18 de Junho perto de Waterloo, aldeia a dez quilómetros a sul de Bruxelas, só chegou a Londres quatro dias depois, em relatório de Wellington para o seu ministro da guerra, facultado ao jornal o "Times" que atrasou a impressão para o publicar ainda nessa quinta-feira.

Hoje pela telefonia, telefone, Internet, Blackberry, iPod, iPad, etc... podemos saber de tudo quanto se passe no mundo inteiro "em tempo real", a cores e com som, e não estranhamos. Salvo catástrofe em jeito de apocalipse - improvável - assim continuará a ser "per omnia saecula saeculorum". Tanta pressa terá inconvenientes, mas uma das vantagens (potenciada por jornalistas e agências de informação) é sabermos em pormenor como se vive no resto do mundo. O que dá para comparar, ver desgraças de outros bem piores do que as nossas e meditar no que perderemos se perdermos o juízo.

A eito, algumas iniquidades alheias. Na Arábia Saudita, o Rei Abdulá - perigoso reformista segundo bem-pensantes locais - despediu um conselheiro muito conservador, o Xeique Abdelmohsen Al-Obeikan que se opunha ao abrandamento de medidas estritas de segregação entre homens e mulheres em vigor no país, e atacava "gente influente que quer corromper a sociedade muçulmana mudando nela o estatuto natural das mulheres (sublinhado meu)". A iniquidade está na aceitação por muitos sauditas dos valores do Xeique (há anos fizera publicar decreto sugerindo que um homem e uma mulher de famílias diferentes se poderiam ver desde que ele bebesse antes leite do seio dela).

Na República do Congo, rebentaram violentas escaramuças e milhares de camponeses fugiram para o Uganda quando expirou o prazo dado pelo governo de Kinshasa a soldados amotinados para se renderem. Eram militares de forças rebeldes, integrados no exército nacional congolês há três anos num acordo de paz, mas que continuam fiéis ao general Bosco Ntaganda, por alcunha o "Terminator", veterano de sucessivas milícias, que fez fortuna no contrabando e controle de minerais e que, quando o Tribunal Criminal Internacional emitiu mandato de captura contra ele por recrutar crianças para a luta, renegou trégua negociada com o governo. 400 homens do General Ntaganda, 250 do Coronel Makenga, 500 do Coronel Kayna e a tropa do exército nacional são soldadesca a mais para o leste do Congo, transformado num dos infernos na Terra.

Mais perto, o mal eleito Vladimir Putin nomeou Enviado Presidencial para os Montes Urais Igor Kholmanskikh operário de fábrica de tanques de combate da região que, Dezembro passado, em directo na televisão se oferecera para vir a Moscovo com os seus colegas dispersar manifestantes anti-Putin se a polícia não fosse capaz de o fazer. 100 000 pessoas tinham protestado, a polícia chegara para elas, mas Vladimir Vladimirovich é amigo do seu amigo.


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