O desemprego está, actualmente, a subir em flecha porque as empresas que normalmente estariam a crescer e a contratar não o estão a fazer, e as que normalmente estariam em contracção e a reduzir postos de trabalho estão a fazê-lo muito rapidamente.
As empresas que deveriam estar a crescer e a contratar não o podem fazer devido ao baixo nível dos preços dos activos financeiros que as impedem de obter crédito ou vender obrigações em condições favoráveis.
Para responder a esta situação, os bancos centrais deviam comprar obrigações do governo de forma a terem liquidez suficiente para impulsionar os seus preços o mais possível. Obrigações do governo caras vão alterar a procura e direccioná-la para os empréstimos e obrigações de empresas, aumentando os seus preços.
Mesmo depois dos bancos centrais elevarem os preços das obrigações governamentais para o nível mais alto possível, devem continuar a comprar obrigações do governo, na esperança de que as pessoas que têm os bolsos cheios de dinheiro gastem mais. Isto vai criar postos de trabalho para os desempregados.
Além disto, os governos deviam ter défices mais elevados. Gastar - seja pelo governo dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial, após os cortes fiscais de Reagan em 1981, em Silicon Valley no final da década de 90, ou pelos proprietários de casas no Sul e na costa dos Estados Unidos em 2000 - impulsiona o emprego e reduz o desemprego. E o gasto do governo é tão bom como qualquer outro.
Finalmente, o governo deve tomar medidas adicionais para impulsionar os preços dos activos financeiros e facilitar, assim, às empresas que deveriam estar a crescer e a contratar, o acesso ao financiamento que lhes permitirá crescer e contratar.
A este respeito devemos destacar o plano do Secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que combina 465 mil milhões de dólares do governo com 35 mil milhões de dólares do sector privado, para comprar activos financeiros tóxicos.
O Tesouro dos Estados Unidos está a pedir ao sector privado que coloque 35 mil milhões de dólares neste fundo de 500 mil milhões de dólares para que todos os seus gestores tenham interesse próprio e não corram demasiados riscos com o dinheiro dos contribuintes.
Os investidores do sector privado deviam estar mais disponíveis para libertar estes 35 mil milhões de dólares, pois têm a possibilidade de fazer uma fortuna quando os preços dos activos financeiros se aproximarem dos seus valores normais. Se o fundo tiver bons resultados durante os próximos cinco anos - retorno de 9% ao ano -, os investidores privados obterão uma taxa de retorno no mercado pelos seus investimentos mais arriscados e o equivalente a uma "comissão anual de gestão" equivalente a 2% dos activos sob gestão.
Se o portefólio tiver um desempenho inferior - retorno de 4% ao ano -, os gestores obterão, ainda assim, um retorno aceitável mas inferior aos 10% de retorno do mercado. Se o portefólio registar um mau desempenho - perder 1% por ano -, irão perder 70% do seu investimento.
Estas hipóteses são atractivas. Apenas o tempo permitirá dizer se quem investiu e geriu este portefólio vai fazer uma fortuna. Mas se fizerem, vão permitir que o governo dos Estados Unidos ganhe uma fortuna ainda maior. E 2% dos activos geridos são uma comissão anual que muitos investidores sofisticados tem estado dispostos a pagar a "private hedge funds" - aos quais se junta 20% dos lucros anuais, que o Tesouro não está a pagar.
No entanto, o facto do plano Geithner ser, provavelmente, rentável para o governo dos Estados Unidos é secundário. O objectivo é reduzir o desemprego. A existência de 500 mil milhões de dólares suplementares na procura de activos tóxicos vai reduzir quantidade destes activos que os investidores privados têm que deter.
O rápido surgimento de cinco a dez fundos apoiados pelo governo, que fazem ofertas públicas por activos, vai transmitir ao mercado informação sobre os modelos que outros estão a utilizar para tentar valorizar os activos.
Esta partilha de informação vai, de alguma forma, reduzir o risco. Quando os activos são vistos como menos arriscados o seu preço sobe. E quando há menos activos o seu preço também sobe. Com os preços dos activos financeiros mais elevados, as empresas que pretendem crescer e contratar poderão obter mais dinheiro em condições mais atractivas.
O problema é que o Plano Geithner parece-me ser muito pequeno - entre um oitavo a metade do que seria necessário. Apesar do governo dos Estados Unidos também estar a fazer outras coisas - estímulo ornamental, flexibilização quantitativa, e outras utilizações dos fundos de resgate -, não está a fazer tudo o que devia.
Considero que a razão pela qual o governo dos Estados Unidos não está a fazer tudo o que deveria pode ser expressa em três palavras: senador George Voinovich, a quem corresponde o 60º voto do Senado - o voto necessário para concluir o debate e promulgar uma lei.
Para fazer alguma coisa que exija acção legislativa, a administração Obama precisa de Voinovich e de outros 59 senadores que estão dispostos a apoiá-lo. Os estrategas do governo parecem pensar que não podem contar com eles - principalmente depois do recente escândalo dos bónus da AIG -, apesar do plano Geithner depender de autoridade que a administração já tem. Fazer mais vai exigir uma coligação legislativa que ainda não existe.