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Portugal automático, algorítmico, autónomo

Um espectro tecnológico começa a assolar o mundo. Insinua-se nas notícias, difunde-se através das redes, está na mente dos governantes, instala-se na agenda dos decisores privados.

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Ele é a fábrica alemã automóvel completamente robotizada que foi inaugurada na China este ano, ele é o andróide Sophia exibido no Web Summit em Lisboa com alegada cidadania saudita, ele é o lançamento camiões eléctricos pela Tesla e a encomenda de 24 mil carros autónomos pela Uber enquanto a Google lança o primeiro serviço de transporte pessoal operado sem necessidade de intervenção humana.

Esta segunda vaga da terceira revolução industrial (a revolução da informação) é tão forte que alguns confundem como uma nova, grande e independente onda tecno-económica e a chamam de "4.ª revolução industrial". É uma espécie de assalto tecnológico massivo ao resto do sistema produtivo e distributivo, industrial e comercial, privado e público, profissional e pessoal.

A origem desta transformação é o sector das tecnologias de informação e comunicação: sim, ainda a Apple, a Microsoft, e até a IBM e a Intel. Mas as entidades condutoras da mudança são empresas de base digital que até há 20 anos não existiam e que operam em rede: as Amazons, as Alphabets, as Facebooks, etc. Em torno destas e de outras plataformas explode uma miríade de novos modelos de negócio assentes nos megadados, na inteligência artificial, na automatização avançada, etc.

Estas tecnologias "hiper-escalam", e tendem para o monopólio (a hegemonia das "big tech"). Estas competências são baseadas no controlo de direitos e do acesso, e tendem a excluir (propriedade intelectual, etc.) e a discriminar (privacidade, "fake news", etc.). Ou seja, existem consequências para a desigualdade entre os países e dentro dos países.

A resposta em Portugal tem de ser sólida e multiforme. Desde a educação (os alunos têm de ser introduzidos ao código desde a primária, como já são ao inglês) até à regulação (as autoridades supervisoras precisam radicalmente de se modernizar, e abraçar o "tech-reg"), têm de se fazer coisas. Já.

A democracia e o bem-estar, bem como a soberania e a segurança, são hoje também "bens informacionais". E podem dissolver-se no ar.


No âmbito do 20º aniversário do Negócios, pedimos um artigo a várias personalidades sobre ideias para o futuro de Portugal.  

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