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O regresso do fantasma

O projecto de revisão constitucional do PSD criou um fenómeno. Sócrates regressou como fantasma.

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Pior: assombra o Estado social, como se algum dia tivesse vontade de o tornar algo útil. Quando Sócrates prepara a sua campanha eleitoral como o Clark Kent da defesa do Estado é porque este filme está a ser rodado por Quentin Tarantino: teme-se o pior. Sócrates só defende o Estado social agora porque ele ainda surge como o imaginário salvador de milhões de portugueses receosos da crise. A aparência em vez de realidade vai ocupar o discurso do PS no próximo ano. Sócrates sempre foi defensor de uma forma particular de Estado: aquele que é utilizado para garantir o poder e que serve para colocar a mão visível no mundo económico e social. Lamenta-se o equívoco: governar Portugal não é mandar em tudo. É confiar na sociedade, nas pessoas e nas empresas. Para Sócrates o Estado é a mesa do banquete da Família Adams. É por isso que é trágico vê-lo como inocente defensor do Estado contra os delírios neo-liberais que o PSD deixou escorrer a conta-gotas. O erro do PSD
foi a sorte do PS. Muitos americanos são contra a reforma da saúde que permitirá salvar milhões de pessoas da morte porque no seu universo cultural um pobre é um fracassado. E por isso não merece que surja a mão amiga do Estado para o amparar. Na Europa há ainda uma forma diferente de olhar para os deserdados. E foi por isso que o Estado tomou nas suas mãos o papel de apoiar direitos elementares. O debate que o PSD tentou lançar é interessante e importante. Mas teve um efeito perverso e contrário.




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