Opinião
O pesadelo das sondagens
Warren Buffett, com ironia, disse uma vez que «uma sondagem não é um substituto do pensamento».
Não é, mas há quem pense que é. Por isso são agora as sondagens os moinhos de vento dos políticos que julgam ter vestido a farda de Dom Quixote.
A alucinação pode ser um delírio político nacional, mas numa época em que há problemas mais importantes para ser discutidos, não era má ideia que as sondagens se tornassem uma questão acessória.
Compreende-se que Santana Lopes fique nervoso com os possíveis resultados do PSD, mas para dirigentes que decidem com base no que dizem os «focus groups» e as sondagens sobre o humor dos portugueses, a atitude mais sensata era fecharem os lábios. A classe política considera que as sondagens só são credíveis quando servem os seus interesses ou mesmo quando apontam tendências que eles devem seguir com uma venda a tapar-lhe os olhos. De resto são formas de criar cenários políticos em que não podem acreditar.
As sondagens tornaram-se o pesadelo preferido dos políticos indígenas. E isso só mostra que quem as repudia vive obcecado por elas. Assim, enquanto gritam por causa delas, evitam ter um pensamento com pés e cabeça.