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O clube dos poetas mortos

O liberalismo económico na União Europeia acaba onde começa a fronteira de cada um dos Estados-membros. É assim que todos os governos se têm comportado sempre que os interesses globais de um negócio tendem a colidir com o poder instalado das empresas nos

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As fusões e aquisições são analisadas racionalmente por Bruxelas quando não mexem com «status quo», mas logo que ferem a estratégia de cada Estado, estes não perdem tempo em se imiscuir nos dossiers que antes defendiam ser apenas do domínio empresarial. Basta observar o imbróglio à volta da OPA sobre a Endesa ou dos muitos episódios, ainda por escrever, do ataque da Sonae à PT. Os argumentos são muitos idênticos, só variam consoante a empresa que está a ser alvo de cobiça e mostram a verdadeira natureza da União Europeia – uma arquitectura de fachada onde cabem todos os conceitos, desde que preservem os equilíbrios de força existentes.

Os recentes casos servem para dar mais visibilidade a este comportamento dos governos europeus. No entretanto, o euro, apregoado como o pilar para a construção de uma Europa economicamente coesa, ocupou o seu espaço enquanto moeda de referência para as trocas comerciais. O que é muito pouco.

A União Europeia, enquanto um todo, tarda em afirmar-se como uma potência económica concorrente dos EUA ou do continente asiático. Não pensa à escala mundial, nem como uma Europa federada, porque cada um dos governos está centrado no seu perímetro geográfico.

As OPA e outras tentativas de concentração, que se têm registado na Europa, estão a ser vistas pelo ângulo fechado de cada Estado, porque cada um dos países que compõe a UE não é suficientemente europeísta para pensar a esta dimensão e agir em conformidade. A repartição dos fundos comunitários ou a escolha dos comissários, esses sim, são os assuntos que ocupam as agendas de Chefes de Estado e primeiros-ministros. Uma Europa politicamente forte, militarmente coesa e economicamente dominante, é uma tese meramente cosmética e sem qualquer valor, sempre que é confrontada com um tema específico, seja ele uma OPA, ou uma força militar de intervenção rápida. 

A realidade encarrega-se de confirmar que Bruxelas é, para aquilo que verdadeiramente conta, um clube dos poetas mortos – com a enorme desvantagem de não ter nenhum Robin Williams como protagonista.

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