Opinião
O cerco a Lisboa
Um dos maiores escritores das últimas décadas, J. G. Ballard dizia, sensatamente, que: "suspeito que os aeroportos serão as verdadeiras cidades do próximo século". As modernas cidades começam a construir-se a partir dos aeroportos (o seu novo coração vita
Por isso o aeroporto de Lisboa deveria ser a lâmpada de Aladino da campanha eleitoral. Mas poucos candidatos acariciaram-na. E muitos tentaram evitá-la como o forno do Inferno. Lisboa é uma cidade única: pode ligar-se ao mundo pelo ar, por terra e pelo mar. O presidente da Câmara deve ser a aranha de uma Lisboa que é uma teia. Os transportes são o coração do poder de uma cidade num mundo globalizado. Ter um aeroporto atraente, um porto sedutor e um circuito interno de transportes eficaz torna uma cidade um centro financeiro e turístico pujante. O resto (a começar pela oferta cultural) é a maçã que tornaria Lisboa desejável. Um aeroporto que permita o acesso rápido ao centro é vital (porque é que ainda hoje não há uma linha de metro a partir da Portela?). Por isso a Ota é um logro. Por isso tornar a Portela uma zona verde é cicuta açucarada. O Governo, através do seu ministério da Defesa, ao demorar uma eternidade a dar uma resposta ao LNEC sobre Alcochete, mostra que já escolheu a Ota. O Governo quer asfixiar Lisboa. O problema é que há quem sirva de Jack, o estripador do executivo. E muitos dos candidatos estão distraídos. Ou querem que os cidadãos estejam a olhar para o lado errado da questão vital.
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