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Mudar o PSD?

Há três candidatos a uma lua-de-mel com o PSD. E nenhum deles resiste à palavra mágica: “mudar”. Todos querem mudar o PSD e, depois, mudar Portugal. Não são, nesse aspecto, muito inovadores. Muitos já quiseram mudar o país: só nos últimos tempos lembramo-nos de António Guterres, de Durão Barroso, de Pedro Santana Lopes e de José Sócrates. Todos se proclamaram herdeiros de Hércules, mas ao primeiro pântano, ao primeiro canto de sereia da UE e à primeira agitação popular, reformaram o “mudar” e dedicaram-se a “estabilizar”.

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A classe política nacional é feita de estabilizadores e é isso mesmo que o PSD busca: um estabilizador que evite que o principal partido da oposição se transforme em diversos partidos da oposição. Talvez Manuela Ferreira Leite seja a intérprete mais perfeito da “revolução institucional” que o PSD pede. Há dias alguém dizia que quem primeiro tinha percebido o verdadeiro conceito de “mudar” tinha sido David Bowie quando criou o tema “Changes” e o interpretou disfarçado de camaleão. O PSD não precisa de um líder que muda algo. Precisa de um camaleão que se dê bem com todos os grupos e sub-grupos do partido. “Mudar” já não é mais do que uma palavra. Uma ilusão mágica em que todos os portugueses querem acreditar. Porque desde há muito que buscam alguém que os iluda durante tempo suficiente para chegarem ao poder, depois de terem iludido a maioria dos portugueses. O seu secreto desejo é que o novo líder tenha o dom de iludir mais e melhor do que Sócrates. Porque, em matéria de políticas, pouco ou nada diferem do primeiro-ministro. Se os juntassem numa sala, todos declarariam que queriam “mudar Portugal”. Quem quer que, por absurdo, pudesse suceder a Sócrates como primeiro-ministro nunca baixaria o imposto sobre os combustíveis (porque o Estado, e os que dele dependem, vive de todos os impostos e taxas possíveis e imaginárias) ou construiria uma maternidade em cada esquina do país. “Mudar” é o “slogan” que reina em Portugal há uns séculos. Todos os políticos dizem que essa mágica palavra os guia. Os resultados estão à vista.
E a comidinha?

Há dias, quase sem ninguém ter reparado, o INE deflagrou um explosivo de potência limitada. Os seus dados diziam apenas que o país está cada vez mais dependente do exterior. Em trocos, pode dizer-se que 85% dos cereais que comemos vem do exterior e as adoráveis leguminosas que fazem que possamos ser mais saudáveis só cobrem 13% das necessidades. Nada mau para um país que já não é agrícola, nem industrial, nem piscícola. Segundo os dados, há 18 anos a produção nacional de cereais e arroz garantia 50% do que consumíamos. Até o pãozinho é feito basicamente com farinhas. Nas pescas, a cobertura nacional de pescado já desceu também para os 50%. Até os tremoços, outrora dados num pratinho a quem pedia uma cerveja, vêm agora do Chile. Aqui se vê a qualidade das políticas agrícolas do ministério que é acusado de ter essa pasta, nos últimos anos. No século XIX, Oliveira Martins argumentava, com razão, que Portugal poderia ser o pomar da Europa. Não é: tem-se destruído a agricultura e a pesca nacionais como se fossem ervas daninhas. Sucessivos Governos e pseudo-políticas agrícolas, não criaram um país com uma estratégia agrícola coerente, moderna e inovadora. Sob o pretexto da modernização e com euros de subsídios criaram o deserto alimentar a que se assiste.

Hillary e Gore Vidal: a mesma luta

Muito se falou, nos últimos dias, da “gaffe” de Hillary Clinton por causa da morte de Bob Kennedy, argumentando alguns que ela estava a dizer que esse seria o destino de Obama. Não deixa de ser curioso como Gore Vidal, um dos maiores escritores americanos, numa entrevista ao “Independent”, se refere ao tema: “Ele (Obama) será abatido, esse é o problema dele. Se Jack Kennedy sabia que iria ser assassinado, um rapaz negro também tem de saber isso”. Uma frase que se repete deixa-nos sempre a pensar no que estará por detrás dela.

A homenagem de Hucknall

Há muitos anos Mick Hucknall foi a face dos Simply Red. Depois retirou-se e agora surge com o seu primeiro álbum (“Tribute to Bobby”) a solo que é uma bela surpresa. Trata-se de uma sentida e estimulante homenagem a Bobby “Blue” Bland, um dos nomes obrigatórios da música desde finais dos anos 50 do século XX. É uma reinterpretação soberba de alguns temas cheios de emoção da soul, do R’n’B ou dos Blues, que Hucknall faz. Escute-se, só por exemplo, “Cry Cry Cry”. Fabuloso.

Notícias da Fundação Eugénio de Almeida

Experimentem, por estes dias, um excelso Cartuxa tinto 2005 da Fundação Eugénio de Almeida. Um grande vinho alentejano, feito à base das castas Aragonez, Trincadeira e Tinta Caiada e que é um cartão de visita irrecusável, pela sua elegância, destes vinhos produzidos em Évora. Mas ele pode muito bem ser a companhia ideal enquanto se folheia e lê a muito bonita revista da Fundação, de nome “Portefólio”, cuja edição de 2008 acaba de ser editada. Nela surgem textos de, por exemplo, D. José Policarpo, Ruy Belo, Francisco Sarsfield Cabral ou Onésimo Teotónio Almeida. Para coleccionar e para motivar uma visita, com tempo, a Évora.

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