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29 de Outubro de 2008 às 13:00

Madrugada eleitoral

À partida, as sondagens favorecem Barack Obama, mas, depois dos dramas eleitorais de 2000 e 2004, as projecções das cadeias televisivas norte-americanas irão jogar pelo seguro. As primeiras projecções chegarão de Kentucky e Indiana. As urnas nos distritos orientais destes estados encerram às 18 horas, hora da Costa Leste, 22 horas em Portugal Continental. Os primeiros resultados oficiais começarão a surgir uma hora depois, ao terminar a votação nos demais distritos,...

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Os primeiros resultados oficiais começarão a surgir uma hora depois, ao terminar a votação nos demais distritos, ao mesmo tempo que fecham as urnas na Geórgia, Carolina do Sul, Vermont e Virgínia.

O primeiro sinal de drama para John McCain será uma eventual derrota em Indiana. O estado elege 11 delegados para Colégio Eleitoral, é tradicionalmente um bastião republicano, mas, este ano, a tendência de voto não é clara.

O Kentucky (8 representantes) tem votado desde 1964 a favor do candidato vitorioso, e McCain está largamente à frente nas sondagens. Ao resultado favorável no Kentucky, McCain terá de juntar um triunfo na Virgínia (13 eleitores), onde todos os candidatos republicanos venceram desde 1968. As sondagens dão vantagem a Obama e será este o primeiro estado a testar o "efeito Bradley".

O "efeito Bradley"

Caso se constate na Virgínia uma sobrestimação das intenções de voto a favor de Obama entre eleitores brancos, o "efeito Bradley" passará a dominar a madrugada eleitoral e a competição pelos 270 votos do Colégio Eleitoral torna-se imprevisível.

Obama só a partir do colapso financeiro de Setembro começou a apresentar intenções de voto superiores a 40% entre os eleitores brancos não-hispânicos, mas, ainda assim, inferiores aos 47% conseguidos por James Carter em 1976, o melhor resultado obtido por um democrata, com excepção da vitória esmagadora e atípica de Lyndon Johnson na eleição de 1964.

No cenário de uma vitória na Virgínia, as hipóteses de McCain continuarão em aberto, pois o candidato republicano surge em vantagem na Geórgia (15 representantes) e na Carolina do Sul (8 votos), apesar de um triunfo de Obama ser certo no Vermont (3 eleitores).

Se McCain falhar a Virgínia, terá de ganhar no Ohio (20 representantes) e na Pensilvânia (21 eleitores), onde as sondagens lhe são desfavoráveis. Um fracasso do candidato republicano em qualquer destes estados dará a vitória a Obama e o "efeito Bradley" não terá assim inquinado as pesquisas sobre intenção de voto.

Se assim for, a noite eleitoral já estará decidida pouco depois das 20 horas na Costa Leste e seremos poupados a uma longa madrugada.

Maioria democrata no congresso

A partir desta altura, o principal foco de interesse incidirá sobre as votações para o Senado.

Os democratas têm presentemente uma maioria de 51 senadores, contando com dois votos de independentes, incluindo Joe Lieberman, que apoia McCain. Um terço dos 100 mandatos está em disputa e os democratas têm boas hipóteses de afastarem os actuais senadores republicanos do Colorado, Novo México, Virgínia, Carolina do Norte, New Hampshire, Oregon e Alasca. Uma maioria democrática no Senado é um dado adquirido e a dúvida está em saber se alcançará os 60 mandatos para superar a minoria de bloqueio republicana.

A maioria democrática na Câmara dos Representantes (236 mandatos contra 199 eleitos republicanos em 2006) deverá, igualmente, aumentar entre 20 e 25 lugares.

Um presidente republicano estará condicionado pelo poder legislativo e nem sequer conseguirá nomear juízes de pendor vincadamente conservador para o Supremo Tribunal.

Dos 9 juízes o mais velho é o liberal John Stevens, de 88 anos, seguindo-se Ruth Ginsburg, uma liberal de 75 anos, o conservador Antonin Scalia, 72 anos, e Anthony Kennedy, também com 72 anos, que oscila entre as duas alas. As nomeações para o Supremo Tribunal poderiam revelar-se altamente relevantes se estabelecessem uma maioria claramente conservadora, mas a supremacia democrática no Senado, que tem o poder de confirmação, torna impossível tal viragem política.

Um presidente democrata poderá avançar com uma agenda política em que só as exigências da maioria democrática representarão um óbice de maior.

De resto, a crise financeira, o apertão orçamental e a urgência da questão nuclear militar iraniana condicionarão tudo o resto.

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