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28 de Março de 2008 às 13:59

Internacionalização e língua portuguesa

Governo e empresários, todos defendem que o caminho para a sobrevivência da nossa economia passa pela internacionalização. Contudo, quando se fala em internacionalização existe um factor que tem sido menosprezado e que é o da língua portuguesa.

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Porque é que não valorizamos a nossa língua nos processos de internacionalização, como fazem americanos, espanhóis, britânicos e franceses?

Espanha quando definiu, por exemplo, a sua estratégia de política económica externa para o mercado brasileiro teve como suporte a diplomacia da língua e da cultura castelhana como factor de afirmação cultural e económica no mercado. O que é que fez? Enviou um conjunto de professores/leitores de língua castelhana para o Brasil e abriu localmente dezenas de institutos Cervantes.

Os ingleses também têm o seu British Council, que é um instrumento diplomático de divulgação da língua e cultura inglesas e, para além disso, contam com a internacionalização da língua inglesa via sector privado, como é o caso de institutos de língua de que são exemplos a International House e EF, ou outras marcas que actuam nesse campo e que já são verdadeiras insígnias internacionais.

E em Portugal o que temos feito? Temos o defunto Instituto Camões e meia dúzia de leitorados que lutam com dificuldades orçamentais. No sector privado não temos também grupos empresariais constituídos que actuem no ensino e divulgação da língua portuguesa no plano internacional, como existem no Reino Unido.

Nas jovens multinacionais portuguesas, os programas de língua portuguesa deveriam estar mais presentes e deviam ser ministrados aos quadros das filiais estrangeiras.

Nas bibliotecas estrangeiras devíamos encontrar mais livros de autores portugueses. As campanhas de promoção de Portugal no Mundo não deviam menosprezar a componente da língua e a especificidade cultural de Portugal, de forma a apresentarmos um produto diferenciado.

Os nossos escritores deviam estar associados aos processos de internacionalização. As empresas portuguesas, ao se internacionalizarem para determinados mercados, deveriam apoiar acções locais de comunicação e de divulgação da língua e cultura portuguesas, de modo a reforçar identidade portuguesa das mesmas empresas.

Sabemos que é um trabalho longo e contínuo, mas se analisarmos o sucesso de determinados países com capacidade de projecção internacional, vemos que existe sempre associada uma estratégia global com variáveis económicas, culturais, financeiras e políticas assente no objectivo de obtenção de prestigio e influência internacionais.

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