Opinião
Eu, Schwarzenegger?
Os dirigentes políticos europeus passam os dias a lavar as mãos e chamam a isso solidariedade. Pilatos não explicaria melhor a expiação da culpa através da água.
Os dirigentes políticos europeus passam os dias a lavar as mãos e chamam a isso solidariedade. Pilatos não explicaria melhor a expiação da culpa através da água. Já não bastava o vírus que foi alastrando da Grécia à Irlanda e a Portugal para que se percebesse a insalubridade das políticas europeias para dominar a crise. Agora o pântano ameaça engolir Espanha. Pior do que a dimensão do problema do sector financeiro espanhol é o da dívida das autonomias, que ainda está escondido. Quando forem somados, ver-se-á se a Europa ainda tem dinheiro para pagar a água com que humedece as mãos.
Não há política pior do que enganar ou enganar-se. E foi isso que a Europa andou a fazer nos últimos três anos. Se havia um plano para debelar esta crise não há rasto dele. Os esqueletos vão-se acumulando no armário. À espera que Hercule Poirot solte um grito de espanto quando os encontrar e fuja para não julgarem que ele era o culpado. A UE quis fazer da Europa uma utopia concretizável sob um comando burocrático. Bruxelas seria o Big Brother e o euro o seu exército. O resultado é um pesadelo.
Com o euro, os portugueses têm hoje de trabalhar cinco meses para pagar impostos. A salvação anunciada tornou-se uma condenação forçada. A política de austeridade está a transformar-se numa destruição exterminadora e não criativa como ambicionava, com razão, Joseph Schumpeter. Até porque, um ano depois da troika chegar, aumentaram-se os impostos e baixaram-se os salários. As outras grandes reformas, que acabariam com o maná do Estado para alguns, continuam à espera de Arnold Schwarzenegger.
Não há política pior do que enganar ou enganar-se. E foi isso que a Europa andou a fazer nos últimos três anos. Se havia um plano para debelar esta crise não há rasto dele. Os esqueletos vão-se acumulando no armário. À espera que Hercule Poirot solte um grito de espanto quando os encontrar e fuja para não julgarem que ele era o culpado. A UE quis fazer da Europa uma utopia concretizável sob um comando burocrático. Bruxelas seria o Big Brother e o euro o seu exército. O resultado é um pesadelo.
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