Opinião
Empreendedorismo na agricultura
Para alguns especialistas, a origem da palavra "empreendedor" provém do verbo francês "entreprendre" e da palavra alemã "unternehmen", que significa "levar a cabo" (Anderson, 2002; Cunningham e Lischeron, 1991). Neste contexto, sente-se hoje que faltam ho
A agricultura no nosso país é um sector de contra sensos, onde encontramos, por um lado, iniciativas baseadas na agricultura com excelentes desempenhos, dinamizando regiões, algumas delas assumindo hoje já um carácter claramente multissectorial (vejamos o caso da Ovibeja, com mais de 600.000 visitantes e que por mérito próprio se tornou a maior feira de Portugal). Por outro lado, temos casos de sucesso e empreendedorismo empresarial como a "Fertiprado", a "Herdade Vale da Rosa" ou a "Finagra", sendo um claro exemplo de como é possível empreender e obter elevados níveis de rendibilidade e inovação na agricultura.
Num registo completamente diferente temos agricultores caracterizados por uma total demissão de qualquer processo de inovação ou visão empresarial, continuando presos a um passado de técnicas e soluções que em nada acrescentam valor ao sector.
Nesta realidade temos duas formas de interpretar as ajudas comunitárias, uns aproveitam a disponibilidade financeira da União Europeia (UE) para investimentos estratégicos, inovadores, de investigação e desenvolvimento em prol de novas ideias empreendedoras, outros assume-se como subsídio-dependentes deixando os seus terrenos à mercê do incentivo mais proveitoso a curto prazo.
Estes últimos hipotecam qualquer esperança no futuro do sector, não aplicando os subsídios em investimentos estruturantes e de rendibilidade no médio e longo prazo mas sim em bens que permitam obter retorno rápido e eficaz a curto prazo.
Neste momento e por variadíssimas forças conjunturais e de alguns Estados membros da UE, existirá uma tendência para o decréscimo de financiamento à Politica Agrícola Comum (PAC). É bom relembrar que a PAC até há bem pouco tempo consumia perto de 50% do orçamento comunitário, embora saibamos também que Portugal não era o maior beneficiário.
O futuro está determinado, ou os agricultores Portugueses empreendem e empresarializam a agricultura acrescentando-lhe valor ou a economia global encarregar-se-á de o fazer. Vejamos os seguintes casos de sucesso que fundamentam esta perspectiva: Agrogenil (olival) – espanhola; Camposol II (relva) – inglesa; Fitagro (azeite) – espanhola; Herdade Cortes de Cima (vitivinicultura) - holandesa; Herdade das Antas (Pecuária) – alemã; Herdade dos Lagos (Fruticultura) – alemã; Monte da Amoreira (lacticínios) – holandesa; Vitacress (saladas) – inglesa.
Os agricultores terão de empreender, numa atitude de constante insatisfação, focalizada e orientada para o mercado global e para a acção, com boas doses de perspicácia, intuição e visão abrangente, jogando na antecipação das tendências.