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Descarbonizar a refinação em Portugal: desafios e contribuições estratégicas

O caminho para descarbonizar a indústria de refinação está repleto de oportunidades e desafios. Na Galp, estamos plenamente cientes da necessidade de transformar as nossas operações. Nas nossas atividades industriais em Sines, a descarbonização assenta em dois pilares: a redução direta das emissões e a produção de combustíveis alternativos sustentáveis.

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Melhorar a eficiência energética e eletrificar processos sempre que possível é o caminho mais rápido para reduzir as emissões. Um impacto significativo na redução das emissões pode ser alcançado substituindo o hidrogénio cinzento (produzido a partir de gás natural) pelo hidrogénio renovável (produzido a partir da eletrólise da água através de eletricidade renovável). Como maior consumidor de hidrogénio cinzento em Portugal, a Galp tem aqui uma oportunidade única de contribuir para a agenda nacional de descarbonização. A transição para o hidrogénio renovável não é apenas um desafio técnico, mas um imperativo estratégico que requer estruturas regulatórias e económicas robustas para suportar investimentos de longo prazo.

 

Como nem tudo é eletrificável, a produção de combustíveis de baixo carbono é essencial para descarbonizar setores como a indústria pesada, transporte marítimo e aviação. Na Galp, já estamos a processar matérias-primas de origem biológica usando os nossos ativos existentes, e estamos a construir e a integrar novos ativos para impulsionar esta transição. Os combustíveis sustentáveis derivados de matérias-primas de origem biológica e outras fontes renováveis oferecem uma alternativa viável aos combustíveis fósseis tradicionais, reduzindo significativamente a pegada de carbono do transporte.

 

Em setembro do ano passado, comprometemo-nos e iniciámos a construção de dois grandes projetos para avançar nesses esforços:

Uma unidade de 270 kton de Óleo Vegetal Hidrotratado (HVO), peça-chave para o nosso objetivo de produzir combustíveis alternativos, incluindo Combustíveis Sustentáveis para a Aviação (SAF), cruciais para reduzir as emissões no setor da aviação, que é um dos mais difíceis de descarbonizar devido à alta densidade energética necessária para um voo.

Um eletrolisador de 100 MW, essencial para a redução das emissões da refinaria através da produção industrial de hidrogénio renovável que pode ser usado como combustível limpo, mas também como matéria-prima para processos industriais.

 

Ambos os projetos estão em construção e espera-se que sejam concluídos entre o final de 2025 e meados de 2026. Com um investimento combinado de 650 milhões de euros, estas iniciativas terão um impacto imediato na nossa descarbonização e representam passos significativos para cumprir as metas climáticas de Portugal e da Europa.

 

Dimensões chave para os desafios

Para navegar com sucesso a rota da descarbonização devemos atuar em três dimensões críticas: o quadro regulatório; o acesso à rede elétrica e à água; e o processo de licenciamento.

 

Um quadro regulatório claro, estável e favorável aos negócios é essencial. Investimentos em projetos como um eletrolisador de 100 MW requerem planeamento a longo prazo e estabilidade, muitas vezes olhando 15 a 20 anos para o futuro. A estabilidade nas regulamentações garante que as empresas possam planear os seus investimentos com confiança, sabendo que as regras não mudarão de forma imprevisível.

 

As diretivas europeias precisam ser transpostas para as leis nacionais com cronogramas e mandatos claros. Compreender as implicações dessas regulamentações permite que as empresas tomem decisões informadas e planeiem estrategicamente para o futuro. A clareza na regulamentação ajuda as empresas a alinharem suas estratégias com os objetivos políticos, garantindo uma transição mais suave para uma economia de baixo carbono.

 

Finalmente, é necessário um mecanismo de imposto sobre o carbono para garantir a competitividade. Ao contrário de indústrias como o aço e os fertilizantes, a indústria da refinação europeia carece de um mecanismo de combate à fuga de carbono, dificultando a concorrência com importações que estão isentas de tributação sobre o carbono. Garantir condições equitativas é crucial para a integração de negócios antigos e novos, promovendo uma transição energética contínua. Um imposto sobre o carbono bem desenhado pode incentivar a redução de emissões, protegendo as indústrias de concorrência desleal.

 

Construir eletrolisadores e outros projetos de energia verde requer acesso fiável a eletricidade renovável e recursos hídricos. A infraestrutura da rede deve suportar a carga aumentada de novas plantas de eletrólise, e o abastecimento de água deve ser sustentável para atender às demandas desses processos. O investimento na capacidade da rede e na infraestrutura hídrica é vital para a implantação bem-sucedida de projetos de hidrogénio verde em grande escala.

 

Atrasos na obtenção das licenças necessárias muitas vezes prejudicam a viabilidade económica e de investimento dos projetos de descarbonização. É necessário um sistema de licenciamento mais flexível, modular e simplificado, priorizando projetos de descarbonização em toda a cadeia de valor. Isso inclui não apenas eletrolisadores e unidades de combustível sustentável para aviação, mas também projetos de eletricidade renovável. Simplificar os procedimentos de licenciamento pode acelerar os cronogramas dos projetos e reduzir custos, facilitando o alcance das metas de descarbonização.

 

Colaboração para um Futuro Sustentável

A descarbonização da indústria de refinação exige esforços concertados de todas as partes interessadas. A colaboração entre a indústria, Governo e academia é essencial para superar esses desafios.

 

Esforços conjuntos podem impulsionar a inovação, partilhar melhores práticas e criar sinergias que aumentem o impacto das iniciativas de descarbonização. Trabalhando juntos, podemos criar um clima industrial resiliente e sustentável que beneficie tanto a economia quanto o ambiente.

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