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27 de Dezembro de 2010 às 11:45

De Cancún a Seia rumo ao baixo carbono

Encontrar uma solução pós Protocolo de Quioto, que termina em 2012, foi um dos principais objectivos da Cimeira de Cancún, no México, organizada pela ONU.

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Mais longe do mediatismo da Cimeira de Copenhaga, mas revestida da mesma importância, Cancún parecia ter sido trespassada de morte muito antes de ter tido inicio e, apesar das decisões acordadas na conferência, o que temos para já é muito pouco para garantir que não viremos a sentir os piores efeitos das alterações climáticas.

Parece-nos grave quando o mundo não quer dar o devido valor à problemática associada aos gases com efeito de estufa e às suas consequências. Se entre a UE começam a surgir vozes dissonantes, caso da Polónia ou Itália, a recente viragem política dos EUA ou a posição da China em não aceitar a monitorização internacional da aplicação das suas políticas climáticas parece-nos grave, constituindo um ataque a todas as políticas de sustentabilidade por tantos entoadas. Contudo a crise, sempre ela, criou um paradoxo na chamada "economia Verde". Se por um lado permitiu uma redução nas emissões de CO2, por outro, cavou os alicerces desta economia ao voltar a trazer à discussão assuntos como os subsídios às tecnologias mais eficientes. Contudo, estamos convictos que o caminho passa pela implementação de uma verdadeira política de sustentabilidade, e não só os chavões que nos habituamos a ouvir e a ensinar, e é por ai que deveremos seguir.

Nesse sentido, e pegando na lógica da implementação das agendas 21 locais e no bordão muitas vezes utilizado "pensar global, agir local" que o município de Seia resolveu por mãos à obra e pés ao caminho. Estamos convictos que a implementação de projectos como o Eco2Seia - Low Carbon City, onde se ambiciona implementar uma economia local associada ao mercado de carbono, conectada com as questões da eficiência energética ou acções como o EcoSaldo - Valorização dos Serviços dos Ecossistemas, que vai permitir lançar as bases para uma discussão séria e implementação de medidas nos territórios "produtores" de serviços de ecossistemas, vão permitir dar sustentáculo às políticas de sustentabilidade.

É difícil, nos tempos que vivemos, para não dizer mesmo impossível, convencer o simples cidadão a adoptar políticas e práticas amigas do ambiente simplesmente dizendo aquilo que ele já se habituou a ouvir e a ler. Contudo, se a estes factos conseguirmos associar um conjunto real de medidas que a curto e a médio prazo tragam retorno ambiental e económico então vamos ser ouvidos. Porque o sector privado, quer por questões associadas a eventuais rupturas na sua cadeia de fornecimento, quer por mera visão estratégica vai olhar para estes territórios "eco friendly".

É isso que queremos fazer em Seia, lançar um conjunto de inicitativas inovadoras que visam envolver, de imediato, a comunidade na redução dos consumos de energia e colocar o concelho na linha da frente da luta contra as alterações climáticas, tornando-se líder e exemplo a seguir por outros municípios e comunidades. É também isto que gostaríamos de dizer a quem esteve em Cancún e aos que estarão em Durban, na África do Sul em 2012… Nós estamos a agir local…. E vós, será que também o estão (já) a fazer?


Presidente da Câmara Municipal de Seia
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