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Constâncio: o homem que nunca devia ter sido governador

Vitor Constâncio disse ontem que não se pronuncia sobre "medidas concretas, que competem ao Governo", a propósito do programa de investimentos públicos. De repente parece que figuras de topo do país deram em teorizadores de situações abstractas...

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Vitor Constâncio disse ontem que não se pronuncia sobre "medidas concretas, que competem ao Governo", a propósito do programa de investimentos públicos. De repente parece que figuras de topo do país deram em teorizadores de situações abstractas (na semana passada foi o Presidente da República a dizer o mesmo). Em todo o caso, Vitor Constâncio ainda avançou que "na situação de tensão e dificuldades financeiras, tudo tem de ser ponderado. Tem de se reforçar o PEC, tem de se reduzir mais o défice e se isso implicar o adiamento de despesas para o futuro, com certeza que vai nessa direcção". Salvé. Já é alguma coisa. Ainda para mais em alguém que revelou sempre extrema cautela em criticar o Governo em matéria orçamental.

Mas as suas palavras mostram como foi um erro nomeá-lo para governador (vamos ver se a nomeação para o BCE não é outro erro…). Porque a um governador exige-se coragem para contrariar os governos sempre que põem o pé em ramo verde. Como está a acontecer agora, com a insistência num caríssimo programa de investimentos públicos depois de o país ter sofrido uma baixa (de dois níveis) do seu rating por parte de uma agência e já ter sido avisado por uma segunda (que até tem fama de ser mais simpática…).

As suas palavras são bem vindas? Claro que são. Mas deviam ter sido ditas mais cedo. Antes de o Governo ter criado situações de facto consumado e antes de as agências terem chegado tão longe na apreciação que fazem da situação económica e financeira do país. Ditas agora têm pouco valor.

camilolourenco@gmail.com





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