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A biotecnologia e a robótica estarão na origem das próximas grandes revoluções sociais, culturais e económicas do futuro próximo. Tal como sucedeu com a Internet a partir dos anos oitenta.

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Tenho passado estes últimos tempos numa intensa troca de argumentos com amigos de várias partes do mundo, sobre o futuro das máquinas inteligentes e em particular da robótica.

Existe consenso sobre uma previsão. A biotecnologia e a robótica estarão na origem das próximas grandes revoluções sociais, culturais e económicas do futuro próximo. Tal como sucedeu com a Internet a partir dos anos oitenta. A biotecnologia terá enormes implicações na saúde humana e na manipulação genética de plantas e animais. Criará novas indústrias de raiz, como fábricas de tecidos e órgãos, fábricas das pequenas máquinas da nanotecnologia, laboratórios de recombinação genética. Estará por isso no centro de grandes debates éticos e científicos. Deixando para trás os actuais, como o aborto, o casamento de homossexuais ou a eutanásia, de tão patéticos e irrelevantes que são, face às grandes mudanças comportamentais que se anunciam.

A robótica por seu lado invadirá literalmente as nossas casas, cidades e sociedade. Convirá aqui esclarecer que me refiro à robótica inteligente e não ao universo das máquinas programadas para acções repetitivas que já hoje habitam muitas fábricas. Uma robótica portanto que tenha a sua vida própria, que faça coisas por si mesma, com um grau de autonomia crescente. Ainda só conhecemos rudimentos, como o aspirador que anda pela casa a limpar o pó enquanto as pessoas estão no emprego. Mas depressa os veremos por todas as partes, uns interagindo connosco, outros, provavelmente a maioria, andando lá na sua vidinha a fazer coisas que desconhecemos sem nos darem qualquer importância.

Existe uma diferença importante entre as duas actividades citadas. Pelo menos na fase inicial a biotecnologia necessitará de grandes recursos. Trata-se de uma investigação que exige equipamentos muito sofisticados, para além de pessoal altamente especializado em pequenas matérias muito exigentes do conhecimento. Não estará por isso, para já, ao alcance de qualquer um. Pelo contrário a robótica é bastante acessível. Qualquer estudante universitário pode criar um robô inovador. É por isso que considero a robótica mais semelhante à Internet. Um novo campo de exploração aberto e dinâmico onde tudo é ainda possível.

Mas se sobre o destino da robótica existe consenso, já quanto às suas aplicações a curto prazo o debate é mais aceso. Repito. Estamos a falar de robôs autónomos, inteligentes, capazes de agir por sua própria iniciativa e talvez mesmo simular aquilo a que chamamos consciência, ou seja, a noção de si e do mundo em redor.

A maioria dos meus amigos consideram que no imediato se assistirá à explosão de três tipos de robótica. A militar, claro está, a utilitária, em particular no domínio da habitação e outra a que podemos chamar simbiótica ou de diálogo entre espécies. Da militar não vale a pena falar. Servirá para matar pessoas. A robótica utilitária terá como principal objectivo ajudar na lida da casa. Para além dos já referidos aspiradores, muito mais sofisticados do que os actuais que aliás na sua maioria não são robôs e são estúpidos, podemos imaginar no limite um robô misto de mulher a dias e mordomo. Que limpará a casa, fará as camas e tratará do jantar, comunicando com o seu parceiro robótico no supermercado para encomendar os ingredientes que, por sua vez, um outro robô estafeta lhe fará chegar. Mas é na área da interacção com os humanos que já hoje se fazem os maiores investimentos. No domínio do lúdico, do género da série de bonecos humanóides que os japoneses andam a fabricar, ou, por exemplo, na criação de uma espécie de enfermeiras para tratamento e companhia de idosos e doentes. Como curiosidade deve dizer-se que todos os testes realizados confirmam que a maioria das pessoas está disposta a travar uma conversação séria com um robô, encarando este como uma boa companhia, inclusive melhor do que um cão ou gato. Nesse sentido todos achámos que um robô capaz de encetar uma boa conversa, dar conselhos e dizer algumas piadas será um grande best-seller mundial.

Em conclusão, investir já e em força na robótica. Sob pena de Portugal mais uma vez se resignar a mero importador e não ser capaz de produzir uma pequena parte que seja do mundo que aí vem.

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