Se há efeito que a recessão está a ter na economia é acelerar a desindustrialização de certas zonas do País. A mais afectada é a região Norte, tradicional bastião de várias indústrias. A redução de empresas industriais é um problema? Não. A esmagadora maioria delas fecha por não conseguir competir em mercados abertos (não aguentam os custos e/ou a qualidade dos produtos dos seus concorrentes) e não faz sentido mantê-las ligadas ao "ventilador".

Mas há outra reflexão a fazer: devemos deixar desaparecer o "know-how" que o País tem em certas indústrias (construção naval, metalomecânica, têxtil, etc)? Não. O que fazer então? Tudo menos encorajar o Estado a meter-se nesse empreendimento, favorecendo este ou aquele projecto. Como tem acontecido. Deve ser o mercado a decidir qual deles faz sentido. E há bons exemplos: a Martifer triunfou numa área em declínio (a metalomecânica), antes de se aventurar noutros negócios. Curiosamente na área industrial.

Moral da história: 1 - Não há bons ou maus sectores, há bons ou maus gestores; 2 - Vale a pena modernizar a gestão de sectores onde temos "know-how" (que, se desaparecer, dificilmente se recupera); 3 - Perceber que os novos projectos industriais são capital intensivos (empregam menos gente), o que implica criar condições para acelerar a mobilidade de mão-de-obra (nomeadamente para os serviços). Para evitar a concentração de bolsas de pobreza em certas regiões. São desafios como este que fazem temer o pós-27 de Setembro...