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A quem assusta Jaime Neves?

O PCP não gostou da iniciativa de promover o Coronel Jaime Neves a Major-General, considerando-a um "prémio" para alguém que "não teve particular desempenho na Revolução e no MFA" e que "é um símbolo...

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O PCP não gostou da iniciativa de promover o Coronel Jaime Neves a Major-General, considerando-a um "prémio" para alguém que "não teve particular desempenho na Revolução e no MFA" e que "é um símbolo de concepções e práticas profundamente retrógradas e antidemocráticas".

Não espanta esta reacção do partido que mais teve a perder com o 25 de Novembro de 1975. Data em que um punhado de militares com bom senso (Neves liderava o regimento de comandos da Amadora) e alguns políticos evitaram que Portugal concretizasse a célebre profecia de Henry Kissinger.

A promoção de Jaime Neves é "sui generis"? É. Como houve outras. Mas é mais transparente do que outras, feitas durante o período em que militares alinhados com o PCP, aproveitando o desnorte de Spínola, passaram a mandar no País (dando cabo de um tecido económico e empresarial que ainda hoje não se recompôs totalmente).

O PCP está no seu direito de protestar contra esta nomeação, que, sintomaticamente, considera uma "afronta ao projecto de Abril". Mas não se pode esquecer de duas coisas. A primeira é que ainda há gente com memória em Portugal… e não tem medo de fazer uso dela. Por outras palavras, Jaime Neves é uma das (muitas) pessoas a quem o País deve a Democracia e que, por isso, merece a nossa gratidão. A segunda é que, ao contrário de outras nomeações, feitas quando o PCP controlou o aparelho de Estado, agora, pelo menos, há liberdade para protestar. E isso faz toda a diferença. Mama sume!
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