Opinião
A doença e a cura
Voltaire dizia, com espírito venenoso, que a arte da medicina consistia em entreter o paciente enquanto a natureza curava a doença.
Até há pouco tempo a grande arte dos políticos era entreter os eleitores enquanto o Estado e os mercados resolviam o problema. Tudo era uma questão de entretenimento, teoria política de que PS e PSD ainda são devotos confessos como se tem visto no Parlamento. O problema é que deixou de ser possível garantir a festa com um País exangue e sem futuro visível. O dinheiro é curto e o tempo também. O mundo mudou. Antigamente era a política e depois a economia. Sem financiamento externo, e apesar de PS e PSD não acreditarem, agora primeiro é a economia e, só depois, a política. PS e PSD andam a limpar as armas para as batalhas da Primavera. O drama dos portugueses é se as andorinhas regressarão no próximo ano e encontrarão algum sinal de vida. A classe política continuar a pensar no País como se a única coisa que importasse fosse a divisão do poder após as eleições. A incrível discussão do OE a que estamos a assistir está assente num equívoco (o meu imposto é melhor do que o teu, dizem PS e PSD) e descambou num paradoxo (ao contrário do que pensam não é assim que se ganham eleições). Com este triste espectáculo PS e PSD afastam mais a confiança: dos cidadãos e dos mercados. Ou seja, à vez, fazem de coveiros do regime. Este Governo não sobreviverá muito tempo. Mas o próximo precisa de combater o défice e de lançar as bases da reforma económica, educacional, judicial e social. O que estamos a ver não nos deixa muita esperança.
Mais artigos do Autor
Obrigado por este bocadinho
28.11.2018
Ministério da Incultura?
27.11.2018
A Rota da Seda entre a China e Portugal
26.11.2018
Costa e a política líquida
26.11.2018
A dança das culpas
25.11.2018
O país do desenrasca
20.11.2018