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A derrota histórica

Na última década delegações da escola de quadros do Partido Comunista, de onde sai a elite que governa a China, têm visitado as ruínas de Pompeia, em Itália. Nas ruínas da cidade devastada pelo vulcão do Vesúvio buscam respostas para o seu futuro. Sem deuses, os chineses acreditam que o sucesso das grandes nações se encontra na história.

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Portugal, como se sabe, fora os cíclicos discursos sobre os Descobrimentos, trata mal a sua história. Basta passarmos pela Baixa Pombalina para vermos que preferimos ver ruir edifícios históricos para em seu lugar colocar blocos de cimento. Não compreendemos que a história é hoje o que atrai o turismo oriental do século XXI que ruma à Europa da mesma forma que outrora os ocidentais tentavam descobrir os segredos do Oriente.

E isso leva-nos à questão mais importante deste momento: a crise europeia não é só financeira e política; também é cultural. O relato publicado ontem, em vários jornais europeus, sobre o estado do património histórico que está situado em Espanha, Grécia, Itália e Portugal (13% do total reconhecido pela Unesco, num total de 122 locais), é aterrador.

Começa, de resto, com a degradação do Coliseu de Roma e estende-se a muitos outros, alvo do desinteresse do Estado e mesmo do sector privado. O estado do património diz muito sobre esta miserável Europa: é um continente sem respeito pelo passado onde assenta a sua identidade. Querer fazer da Europa uma união que só dependa de uma moeda e de uma união económica é um erro crasso. Dos feitos passados se faz o futuro, dizia o Padre António Vieira. Portugal e a Europa, na sua miopia intelectual, só vivem para o presente.
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