No passado dia 10 de outubro, celebrou-se o Dia Mundial da Saúde Mental, uma data que visa sensibilizar a população mundial para as questões relacionadas com o bem-estar mental e mobilizar esforços em prol da sua promoção. Contudo, apesar de uma crescente consciencialização sobre o tema, muitos estigmas em torno da saúde mental continuam a existir, o que impede as pessoas de falarem abertamente sobre o seu estado emocional. Este facto é especialmente preocupante na Europa, onde 45% dos trabalhadores relatam enfrentar fatores de risco que afetam negativamente a sua saúde mental.

Entre os fatores de risco psicossociais mais comuns encontram-se as cargas de trabalho excessivas, exigências contraditórias, falta de clareza ou controlo sobre as tarefas, participação limitada nas decisões, má gestão das mudanças organizacionais e insegurança no emprego. A estes juntam-se a comunicação ineficaz, a falta de apoio por parte de gestores e colegas, e situações de assédio psicológico ou sexual.

Quando as exigências no trabalho ultrapassam a capacidade de resposta dos trabalhadores, surge o stress. Se prolongado, este pode originar problemas graves de saúde mental, como esgotamento, ansiedade, depressão e até pensamentos suicidas. Além disso, o stress crónico tem consequências físicas, como doenças cardíacas e lesões musculoesqueléticas.

Para as empresas, o impacto da saúde mental dos trabalhadores reflete-se numa queda de desempenho geral, aumento do absentismo, maior rotatividade de pessoal e subida no número de acidentes e lesões. As ausências por motivos de saúde mental tendem a prolongar-se mais do que outras, e os riscos associados ao trabalho são uma das causas que contribuem para reformas antecipadas, com custos elevados tanto para as empresas como para a sociedade em geral.

A gestão adequada dos riscos psicossociais é, além de uma obrigação moral, um investimento inteligente para as organizações. É também um requisito legal estabelecido pela Diretiva-Quadro 89/391/CEE, que define que as empresas devem tomar medidas para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Ambientes de trabalho saudáveis, que proporcionem segurança financeira, rotinas estruturadas, boas relações e um sentido de propósito, têm um impacto positivo na saúde mental. Estes fatores estão diretamente ligados à satisfação no trabalho, ao compromisso com a empresa e à retenção de talento.

Neste sentido, implementar políticas que promovam a saúde mental no local de trabalho não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também um caminho para o sucesso organizacional. Estas ações são cruciais para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, nomeadamente o ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) e o ODS 8 (Trabalho Digno e Crescimento Económico).

As empresas podem adotar diversas medidas para apoiar o bem-estar mental dos seus colaboradores. Entre as estratégias mais eficazes estão a promoção da consciencialização sobre saúde mental, a redução da discriminação e a criação de um ambiente de respeito e dignidade, independentemente da raça, género, orientação sexual ou qualquer outra característica pessoal. Organizar check-ins regulares, incentivar pausas e assegurar clareza nos papéis e responsabilidades são outras medidas essenciais. Além disso, é fundamental formar gestores para identificar e lidar com fatores de stress no local de trabalho, promovendo uma cultura de apoio.

Embora as empresas e governos tenham um papel central na proteção da saúde mental, os trabalhadores também podem contribuir para o seu próprio bem-estar. Aprender a gerir o stress e procurar apoio de amigos, familiares, colegas ou profissionais de saúde são passos importantes para manter o equilíbrio emocional.

Em suma, a saúde mental no local de trabalho é uma questão de responsabilidade coletiva, com impacto direto no sucesso das organizações. Ao promover ambientes de trabalho saudáveis, empresas, governos e trabalhadores contribuem para uma força de trabalho mais resiliente e produtiva. Cuidar da saúde mental dos trabalhadores é não só o caminho certo a seguir, mas também essencial para o sucesso a longo prazo.