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Opinião
24 de Setembro de 2010 às 11:57

A esquina do Rio

As eleições legislativas foram a 27 de Setembro do ano passado.

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Governo
GOVERNO - As eleições legislativas foram a 27 de Setembro do ano passado. Este Governo foi eleito há um ano. Não exagero, creio, se disser, que foi um dos piores anos de Portugal nas últimas décadas: obstinação, recusa em aceitar a realidade, descontrolo, descoordenação, suspeitas, trapalhadas, degradação da imagem do País, deterioração das contas públicas, aumento da despesa, impostos galopantes, aumento do desemprego, diminuição dos apoios sociais. Problemas crescentes na justiça, educação e saúde, três sectores chave para os cidadãos. No fundo foram 12 meses sem nada de positivo a passar-se, com uma instabilidade política que caminha ao lado do agravamento da crise. Nenhuma promessa eleitoral cumprida. Várias rasgadas em mil bocadinhos. Este Governo não tem ponta por onde se lhe pegue.

Lisboa
António Costa pelos vistos desistiu de resolver os problemas básicos da cidade e preocupa-se agora com reformas institucionais, como uma necessária diminuição do número de freguesias. Oscila entre medidas de fundo e propaganda pura, como a mudança do seu gabinete para a zona do Intendente. Pensa já no próximo ciclo eleitoral e como percebe que não conseguirá mostrar obra, inventa reformas. No entretanto a cidade está mais suja, mais desconfortável, os cidadãos de Lisboa e os contribuintes que vivem e pagam os seus impostos na cidade continuam a ser maltratados pela autarquia. A população continua a diminuir, a cidade não é confortável nem atraente, nem limpa nem agradável. Fazem-se obras em escolas para criar oportunidades de notícia, mas mas dificulta-se em muitas zonas escolares o estacionamento dos pais que levam ou vão buscar crianças. A EMEL serve para perseguir e não para regular. Costa leva também quase um ano de eleições. E que fez, para além de estar à espera da sua oportunidade no PS?

Oposição
Numa altura destas seria de crer que a oposição tentaria aproveitar todas as oportunidades. Que seria criativa e ágil. Que quereria conquistar simpatias e apresentar soluções. Numa situação destas precisa--se de uma oposição rápida. Mas o PSD, em vez de usar umas sapatilhas que lhe proporcionem essa agilidade, preferiu enrolar uma saca de serapilheira chamada revisão constitucional à volta das pernas e o resultado está à vista: tropeções em cima de tropeções.

Pensar
Começa a circular uma teoria sobre a comunicação, que é muito curiosa e que dá que pensar. Chama-se o "Parênteses de Gutemberg" e, de uma forma genérica pode assim ser resumida: a era pós-Gutemberg - o período que vai de meados do século XV até ao século XX foi uma época marcada pela comunicação escrita e a textualidade - basicamente terá constituído uma interrupção no sentido mais amplo do arco da comunicação entre os homens. Segundo a teoria, actualmente, por força da arquitectura discursiva da Internet, estamos a voltar a um estado em que a oralidade - a conversa, o rumor, o efémero - define a nossa cultura mediática. Vale a pena ouvir o professor Thomas Pettitt sobre o assunto, seguindo o limk seguinte: http://vimeo.com/10705406.

Provar
PROVAR - São sempre muito bons os pastéis de massa tenra do Restaurante Fidalgo, mas se lá for agora prová-los deparará com uma casa bem renovada, que depois de obras recentes soube ganhar conforto. O Fidalgo, que existe na Rua da Barroca desde 1972, ganhou fama com pratos como o bacalhau à Braz, o arroz de favas com entrecosto, o arroz de polvo com feijão malandrinho ou a lebre com feijão branco. O Fidalgo é um daqueles restaurantes onde se praticam preços honestos e que tem uma boa garrafeira. Fica na Rua da Barroca 27, no Bairro Alto. O telefone para marcações (aconselháveis ao jantar) é o 213 422 900. Encerra aos domingos.

Ler
A edição de Outubro da "Vanity Fair" é uma prova da pujança das revistas de qualidade. Com 288 páginas, quase metade delas de excelente publicidade, esta "Vanity Fair" tem pelo menos quatro artigos imperdíveis: a sempre polémica lista das 100 personalidades mais influentes no mundo contemporâneo, segundo a revista; um perfil do enigmático Sean Parker, um dos homens que fundou o Facebook; "The Night Sinatra Happened", um excerto de uma nova biografia de Frank Sinatra escrita por James Kaplan; e a história da luta entre Rupert Murdoch e a família Sulzberger, ou, se quiser, entre o "Wall Street Journal" e o "New York Times" - uma história muito educativa para os responsáveis de grupos de media em todo o mundo.

Ouvir
Gershwin é um dos grandes autores do cancioneiro popular norte-americano, criador de temas como "Summertime", "Rhapsody in Blue", "I've Got A Crush On You" ou "I Got Rhythm", entre outros. Escreveu as suas canções maioritariamente nos anos 20 e 30 do século passado - já há quase cem anos. Brian Wilson foi o mentor dos Beach Boys e um dos mais importantes compositores de música popular na década de 60 do século passado, tendo assinado o célebre "Good Vibrations" há quase 50 anos. Nos últimos tempos Wilson revisitou a sua própria obra e a dos Beach Boys e envolveu-se numa série de projectos a solo. Há cerca de ano e meio iniciou um projecto de reinterpretação de alguns dos temas clássicos de Gershwin e o resultado é o CD "Brian Wilson Reimagines Gershwin". A história é simples: Wilson pegou na sua matriz de sonoridades e arranjos dos Beach Boys e aplicou-a com método e imaginação aos grandes temas de Gershwin. As reacções dos conservacionistas não se fizeram esperar - crucificaram Wilson. Eu acho que eles não têm razão - uma versão deve ser diferente do original e estas versões de Gershwin revistas por Wilson têm a sua marca inconfundível. São heréticas, mas são boas. São diferentes. Isto de facto é Gershwin versão "Surfin' USA" - só que isso não é necessariamente um defeito e, acho eu, é sobretudo uma qualidade. Para o ano Brian Wilson promete rever as grandes canções dos filmes da Disney. Espero que seja ainda mais descarado que neste refrescante "Brian Wilson Reimagines Gershwin".

Ver
De segunda a sexta, entre as nove da manhã e as nove da noite pode visitar a bem intitulada exposição "A Arte É A Melhor Forma de Perceber o Mundo", uma mostra de fotografia, vídeo, pintura e escultura patente no espaço "BES Arte & Finança", na Praça Marquês do Pombal, em Lisboa. Comissariada pelo coleccionador e galerista Victor Pinto da Fonseca , a exposição vai buscar o seu título a uma afirmação de John Baldessari, um dos artistas desta mostra que inclui ainda obras de Álvaro Lapa, Cindy Sherman, Hiroshi Sugimoto, Inez Teixeira, Joana Rosa, José Maçãs de Carvalho, Robert Frank, Rui Chafes ou Vik Muniz, entre outros. Em pleno Marquês do Pombal e com um horário destes não há razões para não tentar perceber um pouco melhor este nosso mundo…


Arco da Velha
Em 21 de Setembro de 2009 Manuel Maria Carrilho recusou-se a cumprir (polémicas) instruções do Governo na votação para director-geral da Unesco; há cerca de seis meses foi noticiada a intenção do Governo em afastar Carrilho da Unesco; a 15 de Abril Carrilho esteve reunido com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que lhe comunicou a sua saída da Unesco na rotação diplomática do Outono; dia 20 de Setembro Carrilho diz que soube apenas pela agência Lusa que sairia da Unesco. Quem pode ser prior numa paróquia destas?




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