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03 de Julho de 2009 às 18:36

A esquina do Rio

A campanha eleitoral de António Costa já começou, com uns cartazes que dizem "Arrumámos, a Casa". O meu palpite é que eles devem ser dirigidos para quem vive fora de Lisboa e está de passagem na Capital - é que quem cá vive fica com os cabelos em pé com estes dois anos de Costa - ruas mais sujas, cidade mais esburacada, trânsito ainda mais caótico.

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LISBOA - A campanha eleitoral de António Costa já começou, com uns cartazes que dizem "Arrumámos, a Casa". O meu palpite é que eles devem ser dirigidos para quem vive fora de Lisboa e está de passagem na Capital - é que quem cá vive fica com os cabelos em pé com estes dois anos de Costa - ruas mais sujas, cidade mais esburacada, trânsito ainda mais caótico. Na verdade o mandato de Costa é feito de desarrumação, a cidade está pior e não há obra feita nem rasto de inovação. Até na relação com o Governo a Capital está a perder - vejam-se as tropelias feitas na zona ribeirinha. António Costa na Câmara pode servir bem os interesses do Governo, mas é seguro que tem feito muito pouco por Lisboa.

ASAE - Depois de meses de acalmia a ASAE voltou a fazer das suas, desta feita em Serralves. O motivo foi a apreensão de jóias de novos desenhadores, que estavam expostas na loja do museu - as jóias, de prata, não tinham o contraste de Lei e a apreensão terá sido feita por denúncia. Independentemente da questão do contraste, a verdade é que tudo isto se baseia numa Lei com décadas, em grande parte hoje em dia contrária ao Direito Comunitário, e que proíbe a venda de jóias ou peças de metais preciosos, mesmo contrastadas, fora de ourivesarias. É por isso que algumas lojas de grandes marcas internacionais não podem vender nas suas lojas peças contrastadas, de ouro ou prata, mesmo que inteiramente legais e é por isso que elas são seladas pela ASAE - que depois demora infindáveis meses a resolver o processo, criando grandes prejuízos. Mas como se sabe a missão da ASAE é criar dificuldades e prejuízos em diversas áreas da actividade económica - a novidade é que agora invadiu a esfera das artes e da criatividade (esta ida à Fundação do Porto foi a segunda num espaço de pouco tempo já que os diligentes agentes da ASAE andaram por lá no dia da Festa anual de Serralves a ver se se fumava…). O exagero tira a razão - e a falta de bom senso é o grande pecado da ASAE.

LER - A edição de Julho/Agosto da revista internacional "Monocle" devia ser lida por todos os candidatos autárquicos de grandes e médias cidades. É o número anual que faz o ponto de situação dos locais com melhor qualidade de vida, ordena as cidades com base nesse critério e tem uma série de artigos, opiniões e sugestões de especialistas de diversas áreas, do urbanismo ao comércio e indústria, passando pela música ou a animação de rua. No índex anual das 25 melhores cidades para viver Lisboa caiu para a última posição, o que não é estranho se percebermos como a cidade tem ficado mais caótica nestes últimos tempos. Ao longo das páginas descobrem-se evidências há muito esquecidas em Portugal - a importância do comércio de rua, de as cidades acolherem pequenas indústrias, artesanatos, de privilegiarem a recuperação em vez da nova construção, de dignificarem e aproveitarem os espaços ao ar livre. Todo um programa de bom senso.

OUVIR - Ben Harper faz quarenta anos em Outubro próximo e este seu novo disco, "White Lies For Dark Times" é o seu trabalho mais maduro, surpreendente e conseguido - e absolutamente nada chato. Com uma enorme influência dos blues, apresentando em estreia a banda texana Relentless 7 ao lado de Harper, a produção garante sólidas e frescas sonoridades. Na realidade este é um Ben Harper para quem gosta de rock, nalguns momentos com citações que parecem pescadas de Jimi Hendrix ou de Neil Young, um disco bem ritmado, a fugir a alguma monotonia demasiado presente em outros trabalhos recentes do cantor. Mas além das influências bluesy, aqui também se percebe como Ben Harper gosta de se inspirar na folk music ou no funk. Um "discão".

IR - O Estoril Jazz 2009 termina este fim de semana. Hoje, sexta, dia 3, é a vez do quarteto do saxofonista David Murray; amanhã, sábado, dia 4, a homenagem a Charly Mingus pelo septeto Mingus Dinasty; e domingo, dia 5, toca o quinteto do contrabaixista Christian McBride - sexta e sábado às 21h30, domingo às 19h00, sempre no Centro de Congressos do Estoril, no Festival que regularmente proporciona alguns dos melhores concertos de jazz que por cá se podem ver ao longo do ano.

DESCOBRIR - O Douro é certamente das regiões de Portugal onde vale a pena voltar sempre. Nos últimos anos as transformações, para melhor, são grandes - desde as grandes vinhas até aos museus locais, passando pela recuperação dos passeios de barco e, sobretudo, por uma oferta de hotelaria e restauração que colocam a zona, em termos de qualidade, entre as melhores do País. Vem isto a propósito daquele que hoje em dia é certamente um dos melhores restaurantes de Portugal, quer em termos de espaço, quer de serviço, quer de qualidade e confecção da comida. Trata-se do DOC, situado precisamente no Douro, a meio caminho entre a Régua e o Pinhão, precisamente em Folgosa. Comecemos pelo local - construído em cima do rio, num edifício concebido para o efeito, com uma esplanada fabulosa, uma sala espaçosa, boas mesas, confortáveis cadeiras, um ecrã que mostra o que se passa dentro da cozinha. Depois, o serviço - eficaz, simpático, atento, bom conhecimento da carta, conselhos acertados e não especulativos sobre vinhos. Finalmente a comida - múltiplas escolhas, comida de inspiração regional com um toque de frescura, muito boa qualidade dos produtos, confecção absolutamente impecável, quer nos peixes, quer nas carnes. Destaques, nas entradas, para as chamuças de moura e de alheira, nos peixes para os milhos de moluscos com algas do mar e rodovalho e o cherne com ratatouille de legumes, e nas carnes para as propostas de porco bísaro, cordeiro e cabritinho. Há a possibilidade de Menu Degustação. A responsabilidade de tudo correr assim é do proprietário e Chefe, Rui Paula, que trabalhou alguns anos em Londres e que tem um belo livro editado, "Uma Cozinha no Douro". O preço é alto, mas aceitável para a qualidade. É uma pena que em Lisboa, numa cidade à beira de um rio, não exista um restaurante assim, quer em conforto, quer em qualidade. Uma experiência absolutamente a reter. Podem antever o DOC em www.restaurantedoc.com , reservas (absolutamente indispensáveis) para os telefones 254 858 123 ou 919 314 395.

PROVAR - Bebida do Verão, a meio da tarde - um Nespresso Lungo em copo largo, com três pedras de gelo. Delicioso.

BACK TO BASICS - Homens de bom senso aprendem sempre alguma coisa com os seus inimigos - Aristófanes.



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