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Manuel Falcão - Jornalista 05 de Abril de 2012 às 11:26

A esquina do Rio

Quem me dera a mim deixar de falar de audiências - era sinal que a coisa estava pacificada. Mas os problemas continuam e algumas entidades tentam passar informação que, no mínimo, não é completa.

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Telespectadores
Quem me dera a mim deixar de falar de audiências - era sinal que a coisa estava pacificada. Mas os problemas continuam e algumas entidades tentam passar informação que, no mínimo, não é completa. Comecemos por uma afirmação que se tornou corrente, a de que o sistema actual, da GFK, mesmo com problemas, é melhor que o anterior, da Marktest. Não tenho estados de alma em relação a nenhuma das empresas, mas gosto de ser imparcial. Foi exactamente por se constatar que o sistema anterior tinha muitos anos e a sua manutenção em funcionamento tinha-se prolongado para além do prazo inicialmente previsto. Todo o sector sabia que estava tecnologicamente desactualizado face ao evoluir da realidade de distribuição de canais e consumo de televisão: por isso mesmo, os vários "players" do sector decidiram, finalmente em 2010, abrir um concurso para a escolha de um novo sistema.

O processo foi demorado mas, para abreviar, no primeiro trimestre de 2011 foi tomada a decisão, que causou alguma polémica no sector - porque em termos técnicos, a Marktest ficou melhor classificada que a GFK, a qual ganhou no preço. Quando se diz que o novo sistema, mesmo com falhas, é melhor que o anterior, compara-se o que não pode ser comparado. Mas esta é uma parte da questão; a outra é que o contrato assinado em Abril passado apontava para o início do período de testes em Setembro de 2011, para o início da entrega regular de informação no início de Dezembro e para o arranque do novo sistema da GFK no início de Janeiro deste ano. Ora, no início de Janeiro, nem o painel estava completo (continua a não corresponder ao que se pretende), nem a fase de testes tinha condições para arrancar. Talvez com estes dados, que reflectem atrasos e dificuldades em cumprir as metas combinadas, se comece a perceber o porquê de continuarem a existir tantos problemas. Fica, no entanto, a dúvida se, com o concorrente que obteve melhor classificação técnica e que tinha mais experiência nacional e internacional nesta área, estaríamos ainda perante problemas destes. Mas, quem tomou há um ano a decisão da escolha é que poderá explicar porque é que preferiu apostar no desconhecido e brincar à roleta russa com as estações de televisão, os investimentos dos anunciantes e o trabalho das agências de meios. "If you pay peanuts, you get monkeys", como dizia James Goldsmith.


Folhear
Há uma aplicação para iPad (e iPhone) que faz as minhas delícias de consumidor compulsivo de revistas e imprensa em geral. Chama-se "pulse" e é um agregador que permite escolher temas, mas também revistas e seus sites, como a "Adweek", a "New Yorker", a "Salon", a "Fast Company", a "Harvard Business Review", a "Time" ou a "Atlantic", para além do "Huffington Post" ou "Daily Beast". Uns dez minutos por dia na "pulse" permitem mesmo tirar o pulso à melhor informação que por aí se publica.


Exemplar
Marcelo Rebelo de Sousa tem tido uma semana em cheio. Na sua habitual presença de domingo na TVI fez uma nota sobre o significado da alteração de estatutos do PS e, subitamente, saltou para o centro do debate político e ficou debaixo da mira da direcção do PS. A resposta que Marcelo deu às críticas e ao ataque que o próprio António José Seguro lhe dirigiu é, em si mesma, um exemplo de comunicação bem gerida. Em vez de contra-atacar ou de justificar-se, Marcelo prometeu comentar a reacção do PS, mais uma vez, no seu espaço na TVI no próximo domingo. Foi uma jogada digna dos melhores momentos do seu Sporting de Braga: ao mesmo tempo conseguiu pôr o adversário fora de jogo e criar expectativa para o desenlace final do desafio. E não deixa de ser engraçado que, apesar da muitas críticas internas, foi a análise que Marcelo fez à revisão estatutária de Seguro que provocou mais ruído. Mas outro ponto alto da semana de Marcelo foi a entrevista que deu aqui ao Negócios na passada terça-feira, certeira, estabelecendo uma clara agenda de posicionamento político, desde os grupos económicos às relações com as ex-colónias, passando pela análise do governo anterior e do comportamento da Europa na crise - e não esquecendo um elogio a Paulo Portas.



A televisão fez muito pela psiquiatria ao contribuir para a sua divulgação, mas também porque a própria televisão pode desencadear a necessidade de ajuda psiquiátrica. Alfred Hitchcok



Ouvido numa reunião
"Vá lá, caiam na realidade e deixem de brincar ao Sócrates."



Arco da velha
Existem 1.026 postos de carregamento de veículos eléctricos em todo o país, mas em circulação apenas existem 231 desses veículos. O resultado é que muitos desses postos já foram vandalizados e estão inoperacionais. Quanto terá custado tudo isto?


Provar
Volta e meia, gosto de voltar a ver como estão os restaurantes onde gostei de ir. Na semana passada regressei, com gosto, ao restaurante Jockey, no Hipódromo do Campo Grande. Continua a ser um belíssimo local, confortável, óptimo para conversar e com a parte muito agradável de se comer muitíssimo bem. A escolha caiu em filetes de polvo, que estavam absolutamente perfeitos - é um prato difícil, que pode resvalar para uma má experiência, mas correu bem. Constatei que as iscas, finíssimas e bem temperadas, continuam sérias concorrentes a serem consideradas as melhores da cidade. O chefe Felisberto Areias continua a tratar bem os seus clientes e os preços continuam sensatos. Quando o tempo está bom, a esplanada é muito simpática e o estacionamento é sempre fácil. Telefone 217 957 521.


Ver
Uma das melhores iniciativas dos últimos tempos, no campo do marketing cultural, é a exposição em pleno Centro Comercial Colombo, feita em parceria com o Museu Nacional de Arte Antiga. Até 1 de Julho, estará montada na Praça Central do centro exposição temporária "Construir Portugal, Arte da Idade Média" - trata-se de uma narrativa do processo de formação do Reino, com cerca de três dezenas de peças do acervo do Museu - pinturas, esculturas, mobiliário e peças de artes decorativas em metal e cerâmica. Esta é a primeira exposição, que foi criada especialmente para o projecto "A Arte Chegou ao Colombo", e estará patente até 30 de Junho. De Julho a Outubro, terá lugar, também naquele espaço, uma segunda exposição, intitulada "Desenhando o Mundo - Arte da época dos Descobrimentos". A entrada é livre e a exposição pode ser vista todos os dias entre as 10h00 e as 23h00.



Semanada
O deputado Ribeiro e Castro anunciou que vai lançar um projecto de lei para restaurar o feriado de 1 de Dezembro; a oposição interna a Seguro anunciou querer impugnar os novos estatutos do PS; desemprego jovem triplicou num ano; a taxa de desemprego em Portugal atingiu os 15%; as salas de cinema perderam 678 mil espectadores em relação aos três primeiros meses do ano passado; a página oficial do Governo na Internet esteve sem funcionar vários dias e registaram-se problemas com "e-mails" do executivo; o presidente húngaro demitiu-se depois de se saber que parte da sua tese de doutoramento foi plagiada.


Redundância da semana
"Seja qual for a solução encontrada para a medição de audiências televisivas, o Presidente do Conselho Regulador da ERC considera indispensável que a empresa ou empresas seleccionadas sejam sujeitas a uma supervisão técnica" - declaração emitida por Carlos Magno na segunda-feira.


Ouvir
Volta e meia surge um daqueles discos que se ouve de seguida vezes sem conta. Ando com ele no carro, ouço-o em casa: nos últimos anos, este deve ser o CD que mais vezes ouvi na primeira semana que o tive. Michael Kiwanuke - não é fácil fixar este nome - é filho de pais ugandeses, mas nasceu e cresceu em Londres. Fanático por música soul, é a partir deste território que se movimenta. Ouve-se este seu primeiro disco e sente-se que ele tem um dom natural para construir canções que combinam, de forma quase perfeita, a pop e a soul music, com fortes influências do jazz. Aos 24 anos, Kiwanuke fez um dos grandes álbuns de estreia dos últimos tempos e é difícil resistir a canções como "Tell Me A Tale" ou "I'm Getting Ready", "Home Again" ou "Any Day Will Do Fine". E esqueci-me de dizer outra coisa que contribui para o vício em que este disco se torna: a sua forma de cantar, de interpretar uma canção. O CD de Michael Kiwanuka chama-se "Home Again" e já está no mercado português.



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