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01 de Abril de 2010 às 12:09

A esquina do Rio

"A principal matéria prima é a capacidade de criar e inovar", sublinhou Odile Quintin, directora geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia, na abertura do Forum Europeu das Indústrias Culturais, que decorreu em Barcelona no início da semana...

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CULTURA - "A principal matéria prima é a capacidade de criar e inovar", sublinhou Odile Quintin, directora geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia, na abertura do Forum Europeu das Indústrias Culturais, que decorreu em Barcelona no início da semana, com representação oficial do governo português. Não deixa de ser curioso que numa recente entrevista Gabriela Canavilhas se tenha discretamente demarcado do conceito de indústrias culturais, colocando de novo a tónica nos subsídios concedidos pelo Estado e fugindo a traçar planos de incentivo a iniciativas sustentáveis no sector. Mais preocupante é o facto de a ministra da Cultura retomar o discurso de colocar o Estado como árbitro da qualidade no momento da atribuição dos financiamentos. Questões fulcrais para possibilitar uma dinamização do investimento no sector, como incentivos fiscais especiais (das artes plásticas ao audiovisual) ou uma Lei do Mecenato mais ambiciosa e eficaz são deixados completamente de parte. E na mesma entrevista a ministra afirma, preto no branco, que o caminho que pretende seguir não é o de garantir um grande orçamento para o Ministério que dirige.

ENSINO - Precisamente sobre o ensino relacionado com as indústrias culturais, aqui há um ano atrás formulei muitas reservas sobre uma pós graduação em Gestão e Empreendedorismo Cultural, do ISCTE/INDEG. Agora que terminou essa primeira pós graduação cabe dizer que as reservas tinham fundamento: questões tão cruciais e decisivas do ponto de vista do desenvolvimento desta indústria, como a gestão dos direitos, exploração de royalties, marketing, publicidade, redes sociais e fund raising foram praticamente ausentes. Mesmo dando de barato que a gestão do curso foi (por facilitismo?) orientada para museus e função pública, a verdade é que o conteúdo privilegia a noção estatal da cultura em detrimento da visão de desenvolvimento de uma economia assente no desenvolvimento das industrias criativas e culturais.

PSD - Pedro Passos Coelho venceu folgado, trabalhou para isso e juntou um vastíssimo leque de apoios. O mais difícil começa agora, com o arrumar da casa, com a forma de relacionamento das clientelas internas sequiosas de poder, com a concretização das verdades gerais em propostas políticas concretas e, sobretudo, com a forma de fazer oposição e disputar a sua liderança. Com um PP parlamentarmente muito activo, com Paulo Portas a ser, para um número crescente de eleitores, a cara da oposição a Sócrates, e com a capacidade de marcação da agenda política que os Populares têm sabido gerir, como recentemente na educação e na segurança, o grande desafio imediato de Passos Coelho é disputar a liderança da oposição sem descurar a possibilidade de alianças futuras que permitam uma nova solução governativa.

NÚMEROS - Um estudo recente mostra um dado aflitivo: nos últimos três anos a taxa de execução do QREN foi de 23,5% e dos 8,3 mil milhões de euros que a Comunidade Europeia disponibilizou para Portugal, ficaram por utilizar 6,3 mil milhões. Contra números destes não há grandes argumentos, mas deviam ser procurados responsáveis - a começar pelo Governo - e deveria ser analisado o que falhou. Na situação em que estamos este funcionamento perdulário é mais que irresponsável - é criminoso. Sócrates chegou ao poder a bramar contra a má gestão da coisa pública. Os números do deficit, os números do endividamento externo e os números da execução destes programas comunitários não deixam dúvidas sobre o que de facto é uma péssima gestão do PS.

LISBOA - O vereador Gonçalo Reis publicou um belo artigo sobre a verdade dos números do orçamento proposto para a Câmara Municipal de Lisboa, com três meses de atraso, por outra paladino da gestão eficaz, António Costa: crescimento da despesa corrente em 6,2% para 492,4 milhões de euros, fornecimentos e serviços externos a aumentarem 26,4% para 30,9 milhões de euros, deficit previsto no exercício de 2010 de 115,4 milhões de euros, investimentos previstos a três anos no valor de 669,6 milhões de euros sem indicação de como serão financiados. As contas de Lisboa apresentadas pela equipa de António Costa são uma trapalhada. Claro que agora há-de dizer que a ausência de orçamento aprovado se deve à oposição e não à sua incapacidade.

LER - A palavra "Money" em destaque é o elemento comum nas mais recentes edições das revistas Vanity Fair e Wired, por acaso ambas do grupo editorial Condé-Nast e por acaso ambas com edições preparadas para o iPad, cujo lançamento está por dias. Digital à parte, são duas boas edições em papel. A Wired dedica-se ao futuro do dinheiro virtual, em novas formas digitais. E a Vanity Fair centra a edição na continuação de Wall Street com Michael Douglas no papel de Gordon Gekko, nas sequelas do crash de há um ano e nas novas fortunas nascidas na crise. Revistas assim há poucas.

OUVIR - É uma delícia ouvir um disco feito por bons músicos pelo prazer de tocar boa música - a descrição aplica-se que nem uma luva a Hats And Chairs, dos Soaked Lamb, uma banda portuguesa que revisita os sons do vaudeville norte-americano, com referências claras ao blues e a New Orleans. Destaque para Mariana Lima, a vocalista e saxofonista que contribui para que este seja um dos discos portugueses dos últimos tempos que mais gozo me deu.

VER - Medina Carreira e Nuno Crato, moderados por Mário Crespo e com a presença de mais um convidado em cada semana, fazem de "Plano Inclinado" um dos melhores programas de debate da televisão portuguesa. Passa na SIC Notícias ao sábado às 22h, com repetições noutros horários e sempre disponível na Internet.

DESILUSÃO - Vítima de algumas descrições entusiásticas, resolvi um dia destes experimentar um estabelecimento intitulado OPAQ, que se apresenta como um restaurante e bar muito ligado à moda e ao mundo da moda, muito glamour e coisa e tal. A decoração adequa-se à descrição, mas a coisa fica por aí. A comida era apenas mediana, o serviço bem intencionado mas frouxo, a lista de vinhos curta e mesmo assim com algumas faltas. A terminar não havia outro vodka sem ser Eristoff - o que é uma má ideia - e nada de Visa, apenas Multibanco. Fraco, fracote. Boqueirão do Douro 50 (ao Conde Barão), telef 213 940 602.

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