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BPI, Marques Mendes e a telenovela mexicana

Quanto mais se arrasta a telenovela do BPI, mais degradante se vai tornando. Começa a tornar-se uma daquelas telenovelas mexicanas, mal dobradas, em que tudo é cada vez menos claro e em que ninguém sai bem na fotografia.

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No artigo ontem publicado defendi que todo este processo parece conduzir à conclusão que há accionistas de primeira e de segunda, com os pequenos investidores completamente marginalizados, sem saberem o que se passa na empresa da qual são donos e impedidos de negociarem as suas acções. O lançamento de uma nova OPA a um preço muito inferior ao da anterior oferta, é mais uma machadada nas pretensões dos pequenos accionistas.

 

Perguntaram-me alguns leitores por que razão o CaixaBank não vai ao mercado comprar os 6% que lhe faltam para ter os 50%. Para os pequenos accionistas é fácil comprar acções no mercado sem mexer muito o preço, mas comprar 6% do total da empresa no mercado, numa acção com um "free float" real reduzido, faria com que a cotação disparasse uns 40 ou 50%.

 

Outro dos momentos baixos de todo este processo foi sabermos da decisão tomada em Conselho de Ministros em acabar com o fim da limitação de votos através de Marques Mendes! O comentador anunciou no passado fim-de-semana aquilo que António Costa e o seu Governo aprovaram na passada quinta-feira. Já não bastava que o Governo escondesse durante dois dias uma decisão tomada e ainda temos a novidade de ser um comentador a informar o país disso.

 

Estranho país este em que se anuncia um acordo e ele não existe. Em que, há mais de uma semana, uma das maiores acções da Bolsa está suspensa. Em que há accionistas de primeira e de segunda. Em que um Governo legisla e mantém em segredo durante dois dias. Em que é o ex-líder do partido da oposição que dá a notícia aos portugueses. Em que o primeiro-ministro e o presidente da república assumem um papel de protagonismo na negociação entre privados. Em que o que ontem era verdade hoje é mentira.

 

Perdoem-me as telenovelas mexicanas. Afinal há coisas bem piores do que elas.

Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira

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