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Sandra Clemente - Jurista 11 de Janeiro de 2017 às 19:22

Um tempo reencontrado

Galamba fez uns cálculos, todos estão assustados com a garantia, mas ao menos aqui sei qual é o limite, enquanto nas nacionalizações, desde 1975 até agora, a única coisa que vi foi não haver limite.

Louçã escreveu uma carta ao Governo que segura: quer nacionalizar o Novo Banco. Mas quer muito mais. Sem medo, "quer fazer parte dessa conversa que tenha o objetivo de poder fazer a economia pública em Portugal", disse ao Expresso. Obviamente, isto não é só uma discussão sobre um banco, é sobre um modelo económico. Depois desta carta, PS e restante esquerda defenderam, por todo o lado, a nacionalização. O PS não pode assumir e, através de Galamba, diz que a questão não é saber se a nacionalização é definitiva ou temporária. Mas Mortágua pode: "A nacionalização é por isso a solução. Não uma nacionalização temporária, para salvar conjunturalmente alguns interesses até que o mercado melhore, mas o controlo público permanente do banco, para que este possa ser gerido de acordo com os interesses de longo prazo do país." Os argumentos: Louçã acha uma solução que não contemple a nacionalização caríssima, achará sempre, mas não diz quanto custa a nacionalização. Galamba fez uns cálculos, todos estão assustados com a garantia, mas ao menos aqui sei qual é o limite, enquanto nas nacionalizações, desde 1975 até agora, a única coisa que vi foi não haver limite.

 

O BPN, a mais recente, anda a estendê-lo desde 2008. Isto tem de ter um fim? Tem. Apurar responsáveis e o fim de bancos falidos também pode ser a sua falência, para os obrigar a uma gestão racional. Mas peguemos na tese do "temporária": onde estão os prazos e o preço? Como fazem com Bruxelas? Se Costa tivesse ficado na Índia em sinal de corte definitivo com os Salgados, chocados com "um PREC de direita, de políticos despreparados e sem a visão de Estado" - leia-se que defenderam a economia privada e não um capitalismo de Estado que cobria a sua gestão ruinosa, paga por nós contribuintes -, ou com o regime que Sócrates exponenciou, ou com os advogados e beneficiários disso tudo, por uma vez, concordaria com ele. Mas não. Deixou-se estar porque o regime está seguro e a expandir-se, como se começasse a não haver alternativas a esse "caríssimo ultimato", para citar Louçã, de uma economia pública.

 

Jurista

 

Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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