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Roland Berger 08 de Novembro de 2015 às 19:00

Impacto nos veículos a diesel - choque temporário ou um princípio de mudança?

A pressão por resultados na redução da emissão de gases vai exigir soluções inovadoras nos veículos a diesel, e os principais "players" da indústria automóvel terão de se adaptar à nova realidade da indústria automóvel.

O actual debate sobre as emissões de gases poluentes nos veículos a diesel representa um desafio para o futuro da indústria automóvel. Os fabricantes de veículos e fornecedores de equipamentos são confrontados com um conjunto de difíceis desafios, procurando encontrar soluções inovadoras para responder a futuras alterações regulatórias e para cumprir as ambiciosas metas de redução da emissão de gases poluentes definidas pela UE para o período 2020/21.

 

O sucesso de uma maior redução na emissão de gases poluentes pelos veículos a diesel nos últimos anos é agora posta em causa, abrindo espaço a uma reflexão sobre o futuro da indústria automóvel: estamos perante um choque temporário ou um princípio de mudança?

 

A Europa é o maior mercado mundial de veículos a diesel

 

A Europa está na vanguarda da utilização de veículos a diesel - mais de metade dos 12,5 milhões de veículos vendidos na UE em 2014 estão equipados com um motores diesel.

 

Em contraste com esta tendência, o mercado dos EUA continua fiel a motores a gasolina. Apenas 3% dos 14 milhões de veículos matriculados em 2014 estão equipados com motores diesel.

 

A China continua a ser um mercado para os motores a gasolina. Dos 18 milhões de veículos vendidos em 2014, menos de 1% estão equipados com motores diesel. Especificamente, o mercado chinês afasta-se da realidade do diesel, havendo uma tendência para a adopção de veículos com baterias eléctricas.

 

A eficiência na base da questão

 

O crescimento assinalável da eficiência dos motores a diesel face a motores a gasolina que se verificou nos últimos anos permitiu fortes reduções na emissão média de gases. Em particular, os veículos a diesel de gama alta alcançam reduções de até -35% e os veículos de gama média de até -15%, face aos motores a gasolina.

 

As melhorias assinaláveis na utilização do combustível face ao nível de libertação de CO2 definem os motores a diesel como a chave para reduzir a emissão de gases poluentes e cada vez mais como a principal alavanca para atingir as metas definidas pela UE de chegar a uma emissão média de 95 g/km em 2020/21.

 

Não obstante essa evolução, o escândalo actual sobre o nível de emissões irá levar a uma regulação ainda mais dura sobre o sector automóvel, apoiada num conjunto de testes mais alargado e em condições reais de condução.

 

Tendências de futuro

 

A actual fase que a indústria atravessa deve ser encarada como um estímulo ao desenvolvimento de inovações nos veículos a diesel e que deverá levar a alterações significativas na estratégia dos principais "players", com particular enfoque em:

 

• 1. Tecnologia diesel: as cada vez mais ambiciosas metas definidas pela UE fomentam a necessidade de enfoque nesta tecnologia como principal alavanca de redução da emissão de gases. Adicionalmente, os avultados investimentos já feitos na melhoria da performance destes motores e os apoios governamentais ao desenvolvimento desta tecnologia reforçam a necessidade de atingir as metas definidas;

 

• 2. Soluções inovadoras: os fabricantes de veículos e fornecedores de equipamentos irão concentrar esforços na melhoria da performance dos motores e no tratamento do diesel, garantindo uma utilização eficiente e menos poluente dos motores. A introdução de testes de emissões em ambiente real de utilização vão certamente estimular o desenvolvimento de soluções de baixo custo capazes de satisfazer os cada vez mais duros testes de emissões;

 

• 3. Segmentos de gama alta: o nível de investimento necessário para cumprir os objectivos definidos tenderá a ser direccionado para segmentos de veículos de gama alta e média-alta, uma vez que os novos padrões de emissões irão enfraquecer substancialmente a capacidade do diesel competir em segmentos de gamas inferiores.

 

Nova oportunidade para a indústria

 

A pressão por resultados na redução da emissão de gases vai exigir soluções inovadoras nos veículos a diesel, e os principais "players" da indústria automóvel terão de se adaptar à nova realidade da indústria automóvel.

O aumento esperado do custo dos veículos a diesel antecipa uma redução da sua quota de mercado. A Roland Berger estima que em 2030 apenas 26% dos veículos no segmento de gama baixa sejam equipados com motores a diesel, reduzindo o seu peso face aos actuais 34% e que no segmento de gama alta a quota de mercado do diesel caia de 88% para 70%.

 

A situação actual é uma oportunidade para as marcas trabalharem em parceria com os fornecedores de equipamentos, nomeadamente no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para motores diesel e na construção de novas abordagens para soluções alternativas. 

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