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Interessa ter grandes cidades?

Assim, com o “novo normal”, as expectativas aumentaram sobre o potencial de relevância internacional das nossas cidades, que espero seja bem gerida e aproveitada.

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Michael Bloomberg (ex-mayor de Nova Iorque) disse que as “cidades tiveram um papel mais importante na formatação do mundo do que os impérios”. Não entrando nessa discussão histórica, o ponto principal dele é que as cidades de hoje em dia são muito importantes na construção e formatação da história e da “realidade” mundial.

Uma das tendências mundiais referidas por muitos é a crescente urbanização e aumento do número de megacidades (grandes cidades tipicamente com mais de 10 milhões de habitantes), que tem sido uma realidade até agora. Uma questão-chave é qual a força que impulsiona esta tendência. Se, por um lado, esta tendência é algo que surge porque as pessoas e os governos acreditam que é a melhor opção para o bem dos países e das suas populações, e se consideram uma vantagem competitiva no contexto internacional ter megacidades para atrair mais e melhor negócio e talento. Ou, se por outro lado, esta tendência não é impulsionada e gerida pelos governos, mas surge por decisão incontrolada de grandes massas populacionais que julgam que as cidades lhes trarão mais vantagens pessoais (económicas, sociais ou outras), num contexto de crescimento significativo da população mundial (embora não na Europa). A realidade pode variar com o nível de desenvolvimento das várias zonas do mundo.

Lisboa e o Porto nunca poderão ser megacidades pela falta de população necessária para atingir tal estatuto, pelo que poderiam ser vistas como pouco relevantes num contexto mundial. Mas com a pandemia, a desvantagem dos problemas de saúde agravados pela elevada concentração de pessoas e maior poluição, associada ao crescimento do teletrabalho, cidades como Lisboa e Porto, de “2.º escalão em termos de dimensão”, poderão ganhar vantagem.

A aposta nos espaços livres e na mobilidade “limpa” nas cidades, aliados às enormes vantagens do nosso país que todos conhecemos em termos de segurança, custo de vida, boa gastronomia, sol e campo, entre muitos outros, pode ser chave para Lisboa, Porto e outras cidades portuguesas ganharem uma maior relevância no contexto europeu e mesmo mundial, do que se esperaria antes da pandemia.

Assim, com o “novo normal”, as expectativas aumentaram sobre o potencial de relevância internacional das nossas cidades, que espero seja bem gerida e aproveitada.

 

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